- O Citi recomenda a compra das ações da Marcopolo, projetando um preço de R$ 10, destacando a valorização recente e a avaliação atrativa
- A Marcopolo lidera os segmentos mais rentáveis e tem um perfil de dívida favorável, além de expandir com novos produtos integrados
- A renovação das frotas de ônibus é uma oportunidade, mas a concorrência de empresas chinesas como a BYD representa um risco
O Citi iniciou a cobertura da Marcopolo com uma recomendação de compra, destacando o bom desempenho da ação e o potencial de valorização. Segundo o analista André Mazini, a ação da fabricante de ônibus teve um “nice run” nos últimos dois anos. Assim, subindo 24% desde janeiro de 2024 e 205% desde janeiro de 2023.
Em uma recente alta, a ação preferencial (PN) da Marcopolo subiu mais de 6% e está sendo negociada a R$ 8,10. Para o Citi, o papel tem o potencial de alcançar R$ 10, o que representa um apreciável espaço para valorização.
Embora tenha apresentado um bom desempenho recente, Mazini ressalta que a ação negocia a um múltiplo de 5,5 vezes o lucro estimado para 2025. No entanto, o que está abaixo da média do setor de ônibus, que é de 6 vezes, excluindo a WEG, um “outlier” do segmento. Isso sugere que, apesar de já ter subido substancialmente, a ação ainda apresenta uma avaliação atrativa.
Perspectiva do mercado de ônibus
Mazini acredita que o mercado de ônibus está se tornando mais atrativo devido à redução da capacidade de produção da indústria, o que deve ajudar a sustentar as margens da Marcopolo.
Durante o superciclo do setor em 2011, o Programa de Sustentação do Investimento (PSI) do BNDES incentivou a produção de bens de capital com crédito subsidiado. Contudo, o que levou a um aumento expressivo da produção de ônibus, alcançando um pico de 35,5 mil unidades naquele ano.
No entanto, a produção caiu drasticamente após 2016 e se estabilizou em cerca de 22 mil unidades anuais desde 2022. Atualmente, a utilização da capacidade instalada da indústria de ônibus está em 48%, em comparação com 30% em 2015.
No caso da Marcopolo, a utilização é de 47%. Mazini considera que, à medida que a utilização da capacidade aumente, o poder de precificação também deve crescer, o que deve beneficiar a empresa.
Vantagens competitivas e estratégias de crescimento
Mazini destaca a posição da Marcopolo no mercado, observando que a empresa está melhor posicionada que sua principal concorrente, a Caio, principalmente por ser líder nos segmentos de ônibus rodoviários e micro-ônibus, que são mais rentáveis do que os ônibus urbanos.
A empresa também se beneficia de um perfil de dívida favorável, com 95% de seu endividamento tendo custo baixo e fixo, cerca de 8% ao ano, o que é especialmente vantajoso em um momento de alta de juros.
Outro ponto positivo é o acesso da Marcopolo a linhas de financiamento acessíveis, incluindo recursos do Finep e crédito em dólares. Embora 51% de sua dívida esteja em moeda estrangeira, o que representa um risco potencial devido à volatilidade macroeconômica, a empresa tem uma exposição significativa a mercados internacionais, com 37% de suas receitas provenientes de vendas externas, o que oferece certa proteção contra flutuações cambiais.
Expansão e novos produtos
O analista também enxerga com bons olhos a estratégia da Marcopolo de expandir suas operações com o lançamento de produtos integrados, como os chassis e carrocerias das marcas Volare e Attivi.
Essa inovação deve aumentar o potencial de receitas da empresa, que tradicionalmente se concentrou na produção de carrocerias.
Além disso, a Marcopolo adquiriu 40% da chilena Reborn Electric Motors em dezembro, uma empresa especializada em chassis para ônibus elétricos.
Essa aquisição reforça o movimento da empresa em direção à mobilidade elétrica, um setor que promete crescer nos próximos anos.
Oportunidades
Na análise da demanda, Mazini destaca o envelhecimento das frotas municipais de ônibus nas principais cidades brasileiras como uma oportunidade para a Marcopolo. Muitas dessas frotas precisam ser renovadas, criando um mercado em expansão para a compra de novos ônibus.
Porém, o analista alerta para uma possível ameaça à tese de investimento: a crescente entrada de players chineses no mercado de ônibus.
Embora isso ainda não tenha ocorrido de forma significativa, empresas como a BYD, que já vem ganhando participação no mercado de automóveis, estão começando a focar na produção de chassis de ônibus, o que pode impactar a competitividade da Marcopolo no futuro.