
- O UBS elevou a recomendação da Alpargatas para compra e fixou preço-alvo de R$ 12.
- O turnaround no Brasil, a reestruturação internacional e a perspectiva de dividendos reforçam a tese positiva.
- A empresa negocia a múltiplos atrativos e deve gerar forte fluxo de caixa nos próximos anos.
A Alpargatas voltou ao radar dos investidores após o UBS BB revisar sua recomendação para o papel de “neutro” para “compra”. O preço-alvo subiu de R$ 10,50 para R$ 12, implicando um potencial de valorização de 26% frente ao fechamento da última sexta-feira (R$ 9,50). No pregão da última segunda-feira (1°), a ação reagiu com alta de 3,2%, negociada a R$ 9,80.
Segundo o time de análise liderado por Vinicius Strano, os fundamentos melhoraram de forma consistente. O turnaround dos negócios no Brasil, as mudanças na operação internacional e a perspectiva de dividendos robustos sustentam a visão mais otimista. Além disso, o UBS destacou cinco pontos que consolidam a tese positiva para a fabricante das sandálias Havaianas.
Turnaround no Brasil impulsiona resultados
Desde a chegada do CEO Liel Miranda, a companhia simplificou o sortimento e melhorou a eficiência operacional. Esse movimento resultou em entregas mais consistentes e recuperação de participação no mercado local.
O banco ressalta que os ganhos de eficiência e a normalização das baixas contábeis ajudaram a rentabilidade a retornar a patamares históricos. A expectativa é de margem EBITDA acima da média dos últimos anos, reforçando o papel da operação brasileira como alicerce para a estratégia global.
Embora reconheça que o crescimento doméstico tenha limites, o UBS acredita que a diversificação dos canais de venda deve compensar parte da saturação no mercado nacional.
Operação internacional em transformação
A reestruturação nos Estados Unidos também chamou a atenção. Em 2024, a operação gerou prejuízo de R$ 156 milhões em EBITDA, pressionada por custos elevados. Mas o acordo firmado com o Eastman Group em junho transferiu logística, vendas e backoffice, abrindo caminho para maior rentabilidade.
Na Europa, o banco vê espaço para crescimento após investimentos em marketing. A análise aponta que a estratégia internacional ganhou clareza e tende a melhorar gradualmente os resultados.
Desse modo, o UBS acredita que, com menos custos estruturais e mais foco nos canais estratégicos, a empresa se aproxima de um ponto de virada importante no exterior.
Dividendos e redução de capital
Outro destaque da tese do UBS BB é a distribuição de proventos. A companhia anunciou intenção de realizar uma redução de capital de R$ 850 milhões, que poderia gerar dividend yield de 14%.
Assim, a proposta, ainda sujeita à aprovação de acionistas e debenturistas, reforça o apelo do papel para investidores que buscam retorno consistente.
Além disso, a dívida líquida deve terminar 2025 em 0,5x EBITDA, o que garante conforto financeiro e espaço para novas distribuições. O banco avalia que essa estrutura sólida dá mais segurança à tese de valorização.
Possível venda da Rothy’s
A Alpargatas (ALPA4) também pode monetizar ativos. A Rothy’s, adquirida em 2022 por US$ 475 milhões, representa apenas 5% da projeção de lucros, mas exigiu impairment bilionário no balanço. O UBS vê chance de venda assim que a opção de recompra expirar em dezembro de 2025.
Além disso, a posição de caixa líquido da Rothy’s, estimada em US$ 160 milhões, fornece proteção adicional enquanto a companhia decide o destino da subsidiária.
Portanto, para o banco, uma eventual alienação reforçaria o foco nos negócios principais e liberaria recursos para fortalecer a operação global.
Geração de caixa e múltiplos atrativos
O quinto ponto levantado pelo UBS é a capacidade de geração de caixa livre. A expectativa é que os investimentos recuem para 4,5% da receita, bem abaixo da média histórica.
Ademais, essa disciplina, combinada a um capital de giro mais controlado, deve elevar o fluxo de caixa livre para um yield entre 8% e 13% entre 2025 e 2029.
Com valor de mercado de R$ 6,6 bilhões, a Alpargatas negocia a 13,5x o lucro estimado para 2025 e 10,6x para 2026. Por fim, o UBS entende que o mercado ignora esse potencial e reforça a tese de que o papel está descontado.