Resiliência premiada

Empresa antiviral? Veja como BRF (BRFS3) foi do baque ao “semestre histórico”

Sem abrir tudo de cara: “trimestre desafiador”, portas se reabrindo lá fora e avanço no desempenho operacional no acumulado do ano.

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  • A BRF enfrentou restrições externas, mas cresceu receita trimestral e elevou Ebitda no semestre.
  • A Arábia Saudita reabriu mercado e a companhia aguarda decisões de Chile e China ainda nas próximas semanas.
  • A eficiência reduziu alavancagem para 0,43x Ebitda e preparou terreno para um segundo semestre de recuperação.

A BRF (BRFS3) atravessou um segundo trimestre turbulento, porém entregou um semestre considerado “histórico” pela gestão. Apesar das restrições temporárias nas exportações após um caso de gripe aviária, a companhia manteve crescimento e proteção financeira.

Ao mesmo tempo, a empresa viu o Ebitda ajustado somar R$ 5,3 bilhões no ano até junho, alta de 11%. Além disso, o endividamento recuou para 0,43x Ebitda, menor nível desde 2011, segundo a administração.

Resultados do 2º tri

A companhia reportou lucro líquido de R$ 735 milhões, queda de 32,8% na base anual, porque China, União Europeia e Chile mantiveram barreiras temporárias. Mesmo assim, a receita trimestral avançou 3% e atingiu R$ 15,4 bilhões, o que suavizou parte do choque externo. Além disso, o Ebitda ajustado ficou em R$ 2,5 bilhões, com margem de 16,3%, ligeiramente abaixo do ano anterior.

No mercado interno, a receita chegou a R$ 8,1 bilhões, alta de 6,4% ante 2024, enquanto volumes cresceram 6%. Portanto, a base de clientes superou 330 mil pontos de venda, o que reforça capilaridade e preço. Já no mercado internacional, a receita somou R$ 7,3 bilhões, queda de 0,7%, e o Ebitda ajustado recuou 14%, para R$ 1,2 bilhão.

Segundo a gestão, o impacto direto das restrições reduziu em 10% o volume externo e em 5% a receita líquida da divisão internacional. Ainda assim, a BRF direcionou cargas para destinos alternativos, como Hong Kong, a fim de preservar margens. Além do choque sanitário, a valorização do real também pressionou resultados em algumas rotas.

Portas que reabrem e rota halal

Enquanto parte dos mercados segue fechada, a Arábia Saudita reabriu o canal para o frango produzido no Rio Grande do Sul. Assim, a linha Sadia Fresh, produzida localmente com a Addoha, ganhou tração e ampliou participação em processados no Golfo em 1,4%. Além disso, executivos esperam decisões breves de Chile e China, o que poderia normalizar embarques de cortes de maior valor.

Nesse intervalo, a empresa acelerou a diversificação geográfica para segurar quedas de volume. Por outro lado, manteve foco em itens de maior agregação, enquanto destinou pontas de asas e aparas para graxaria e farinha. Portanto, a estratégia buscou proteger preço, mix e fluxo de caixa até a normalização total.

O CEO Miguel Gularte resumiu: foi um trimestre duro, porém a BRF entregou um “resultado sólido” e um semestre de virada. Além disso, a gestão reforçou que a operação do Oriente Médio segue prioridade, com logística e contratos ancorando previsibilidade.

Eficiência, caixa e alavancagem

A BRF reduziu custos, capturou ganhos de eficiência e sustentou margens em meio ao câmbio mais forte. Como efeito, o resultado financeiro melhorou e ajudou a compensar parte da pressão operacional. Ainda assim, a companhia manteve disciplina de capital e alongou passivos.

De janeiro a junho, a geração de Ebitda ajustado somou R$ 5,3 bilhões, o que sustenta investimento e competitividade. Além disso, a alavancagem caiu para 0,43x, contra 0,54x no trimestre anterior, nível visto como “robusto” pela diretoria. Portanto, a BRF entra no segundo semestre com balanço mais leve e com capacidade de acelerar assim que os mercados reabrirem.

Segundo o vice-presidente de Finanças, Fábio Mariano, o mix, a eficiência e a posição de caixa permitem atravessar o ciclo sem perder o plano de crescimento global. Entretanto, a companhia segue monitorando preços, demanda e eventuais novas exigências sanitárias.

M&A e próximos passos

Paralelamente, avança a incorporação das ações da BRF pela Marfrig, já aprovada pelos acionistas. O desfecho depende do Cade, e a expectativa interna aponta para conclusão em setembro. Portanto, a agenda societária corre em paralelo ao destravamento comercial.

Enquanto isso, a companhia mantém diálogo com autoridades estrangeiras para reabrir todos os mercados. Além disso, segue ativa em inovação de portfólio e em projetos que elevem produtividade nas plantas. Assim, a gestão mira um segundo semestre com gradativa normalização das exportações e recomposição de margens.

Por fim, a empresa reforça que a diversificação de destinos e a força das marcas amortecem choques. Contudo, a reabertura plena de China e UE continua sendo o principal gatilho de curto prazo para volumes e preços.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.