
- Braskem quer vender ativos nos EUA para reduzir dívida após prejuízo bilionário.
- EBITDA negativo e queima de caixa pressionam ações e acendem alerta.
- Dívida está 10,5 vezes maior que o lucro operacional; alavancagem preocupa investidores.
A Braskem colocou à venda sua operação nos Estados Unidos, numa tentativa de reduzir sua dívida após uma sucessão de resultados negativos e o agravamento do cenário no setor petroquímico. A companhia está conduzindo o processo com os bancos Citi e Santander, de olho em players estratégicos com capacidade de funding.
Desse modo, segundo fontes o valor dos ativos supera US$ 1 bilhão. A operação inclui três fábricas de polipropileno localizadas no Texas, West Virginia e Filadélfia, com capacidade produtiva de 2 milhões de toneladas ao ano. A empresa quer rapidez na transação, mas sem abrir mão de maximizar o preço.
Receita cai, prejuízo dispara
No segundo trimestre de 2025, a operação americana da Braskem foi consolidada com a da Europa, que tem peso menor, com cerca de 600 mil toneladas ao ano. Juntas, as duas geraram uma receita de US$ 739 milhões, mas amargaram um EBITDA negativo de US$ 8 milhões. No mesmo período de 2024, o EBITDA havia sido positivo em US$ 46 milhões.
Além disso, no acumulado do ano, essas operações somaram US$ 3,6 bilhões em receita, com EBITDA de US$ 177 milhões. Ainda assim, o desempenho ficou aquém das expectativas do mercado, que esperava algum sinal de recuperação no setor.
Desse modo, a decisão de venda vem num momento de forte pressão financeira. A Braskem reportou queda de 14% na receita líquida e colapso de 77% no EBITDA consolidado do trimestre. A companhia registrou prejuízo líquido de US$ 45 milhões e queima de caixa de US$ 256 milhões.
Dívida fora de controle
Um dos principais sinais de alerta vem da alavancagem. No segundo trimestre, a relação entre dívida líquida e EBITDA chegou a 10,5 vezes, acima das 8 vezes registradas no trimestre anterior. Esse número acende um sinal de preocupação para analistas e investidores, sobretudo em meio à volatilidade global e ao aumento do custo do capital.
Sendo assim, a deterioração dos indicadores financeiros reforçou a necessidade de vender ativos. Com o ciclo petroquímico ainda desfavorável e margens comprimidas, a empresa busca liquidez para atravessar o momento mais crítico desde 2008.
Além disso, a venda de ativos estratégicos nos EUA pode ajudar a reorganizar o portfólio da companhia, focando em mercados com melhor rentabilidade ou menor exposição a variações cambiais e custos logísticos.
Ações derretem no pior nível em 15 anos
O impacto do anúncio foi imediato. As ações da Braskem (BRKM5) operaram em queda de 4% durante a manhã desta quinta-feira (7) e passaram a negociar no menor nível dos últimos 15 anos. O mercado reagiu negativamente não apenas à notícia da venda, mas também aos dados financeiros do trimestre.
Ademais, no exterior os títulos da Braskem também recuaram entre 3% e 4%, refletindo a percepção de risco mais elevada. A reação indica que o mercado vê a venda como uma medida de urgência, e não de reposicionamento estratégico.
Por fim, analistas ouvidos por casas como XP e BTG já indicam que o foco agora será observar quem se interessará pelos ativos e qual valor será efetivamente pago. O sucesso, ou fracasso, da venda pode determinar o fôlego da Braskem nos próximos trimestres.