
A Michelin América do Sul anunciou recentemente o encerramento gradual de suas operações na fábrica de Guarulhos (SP). A unidade, que emprega 350 colaboradores e é especializada na produção de câmaras de ar para motos e bicicletas, pneus industriais e produtos semiacabados, será desativada até o final de 2025.
O motivo? Um fenômeno global com impacto local: a entrada massiva de produtos asiáticos, muitas vezes abaixo do custo de produção brasileiro.
Segundo a empresa, essa “supercapacidade” internacional inviabilizou a manutenção da planta paulista. “Estudamos diversas soluções, mas nenhuma se mostrou viável ou sustentável para manter a operação”, declarou a Michelin em comunicado oficial.
O CEO da empresa na América do Sul, Hervé Le Gavrian, reforçou que a decisão foi tomada como último recurso, e destacou que o encerramento não tem relação com o desempenho da equipe local. “Reafirmamos nosso valor de respeito às pessoas. O engajamento da equipe de Guarulhos sempre foi incontestável. Estamos comprometidos com escuta ativa, apoio personalizado e o cumprimento de nossos compromissos com clientes durante essa transição.”
A Michelin já iniciou conversas com o sindicato local para negociar os termos de encerramento dos contratos dos colaboradores da unidade.
Apesar do fechamento, a empresa continuará operando em outros seis estados brasileiros: Amazonas, Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo.
As fábricas continuam em funcionamento nas cidades de Manaus, Resende, Campo Grande e outras localidades da Grande SP, mas Guarulhos, que há décadas fazia parte do mapa industrial da marca, sairá definitivamente da rota.
Perca de protagonismo
A unidade em Guarulhos era especializada em câmaras de ar para motos e bicicletas — produtos que hoje chegam ao Brasil em grandes volumes vindos da China, Vietnã, Tailândia, Indonésia e Sri Lanka.
Fabricantes chineses como Qingdao XuanHong, Hebei Stendale e Qingdao Florescence estão entre os principais fornecedores, com forte presença em marketplaces internacionais.
Essas empresas customizam produtos em larga escala, com certificações internacionais como ISO, CCC e DOT, e oferecem preços que muitas vezes ficam abaixo do custo de produção local.