Queda histórica

Eneva despenca à 9,31% após novas regras para leilão de energia

Ações da Eneva enfrentam queda após o Ministério de Minas e Energia divulgar restrições que afetam sua capacidade de recontratar usinas.

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  • As novas regras para o leilão de energia causaram uma queda nas ações da Eneva, impactando seus contratos com usinas no Maranhão
  • As usinas térmicas P1 e P3 da Eneva foram excluídas do leilão devido a conflitos de contratos, prejudicando suas perspectivas de participação no sistema energético
  • Analistas consideram a queda exagerada e destacam que a Eneva ainda tem alternativas para mitigar os impactos, além de oportunidades com a expansão da CELSE

O ano de 2025 começou com um grande desafio para a Eneva (ENEV3). A empresa, que é um dos maiores nomes do setor de energia do Brasil, viu suas ações despencarem 9,31% na primeira sessão do ano, fechando a R$ 9,55.

O impacto foi significativo, com o preço das ações chegando a atingir sua mínima intradia desde maio de 2020. Dessa forma, gerando preocupações sobre o futuro da companhia no curto prazo.

O movimento de queda no valor das ações veio após o Ministério de Minas e Energia divulgar as regras finais para a realização de um leilão destinado a contratar mais potência para o sistema elétrico brasileiro.

Novas regras

As novas diretrizes incluíram restrições que afetam diretamente a Eneva, dificultando sua participação no processo de renovação de contratos para usinas do complexo Parnaíba, localizado no Maranhão.

Essa mudança gerou um impacto negativo nos investidores, que começaram a ajustar suas expectativas para o futuro da companhia.

De acordo com as novas regras, as usinas térmicas a gás P1 e P3, que somam uma potência de 854 MW, não poderão participar do leilão devido à sobreposição no início do contrato com os contratos existentes.

Essa situação cria uma barreira significativa para a Eneva, que possui usinas importantes nesse complexo e estava planejando a renovação dos contratos.

Para agravar ainda mais o cenário, as diretrizes também confirmaram a exclusão das usinas movidas por combustíveis fósseis. Somente com exceção do gás natural.

Isso significa que fontes de energia como carvão, óleo combustível e diesel não serão permitidas no leilão. Contudo, o que reduz ainda mais as opções da Eneva para manter sua competitividade no mercado de energia.

Desenvolvimento

Uma das mudanças mais significativas nas novas regras foi a criação de ambientes separados para usinas novas e existentes.

Essa abordagem busca incentivar novas capacidades de geração de energia e evitar que usinas antigas sejam avaliadas como novas.

Embora essa mudança tenha um impacto positivo para o desenvolvimento de novas usinas, ela prejudica usinas térmicas existentes, como as de Eneva. Que possuem contratos com prazo de vencimento após julho de 2027.

Essas usinas não poderão competir nos leilões a partir de 2028. Ainda, o que coloca a companhia em uma posição difícil.

Porém, a análise dos especialistas não é completamente negativa. A XP, uma das principais corretoras do Brasil, destacou que, apesar da adversidade, a Eneva ainda possui opções viáveis. Como projetos greenfield próximos à usina CELSE em Sergipe, que poderiam ser mais competitivos.

Além disso, a possibilidade de renovação de contratos de usinas existentes ainda é uma alternativa viável a médio e longo prazo. Mesmo que a concorrência seja maior.

Demais visões

O JPMorgan também compartilhou uma visão mais equilibrada sobre a situação, avaliando que o impacto para a ação da Eneva pode ser de até R$ 2 por papel no pior cenário.

Contudo, o banco acredita que este leilão não é a única oportunidade para recontratar essas usinas e que, num cenário mais razoável, o impacto será de R$ 0,50 por ação.

O banco vê uma probabilidade crescente de expansão da CELSE. Assim, o que pode ajudar a Eneva a mitigar os impactos das novas regras.

Por outro lado, o BTG Pactual também acredita que a reação do mercado à queda das ações foi exagerada. Uma vez que os preços das ações da Eneva já estavam em níveis baixos e o valor atual das ações pode representar uma boa oportunidade de compra.

O banco acredita que as novas regras, apesar de favorecimento para a capacidade nova em detrimento da existente, não são totalmente prejudiciais à empresa. E, que ajustes nas normas do leilão podem melhorar a situação para a Eneva.

Para os analistas do BTG, as regras do leilão, embora favoreçam a instalação de novas usinas, podem levar o sistema elétrico a contratar capacidades mais caras e arriscadas.

Eles apontam que, com a necessidade de contratar capacidade adicional até o final de 2027, o governo pode revisar as regras para garantir que as usinas existentes sejam consideradas.
Um ajuste nesse sentido poderia melhorar o cenário para a Eneva e suas usinas térmicas.

O cenário atual

Diante desse cenário, a Eneva enfrenta um momento difícil, mas os analistas indicam que a reação do mercado pode ser exagerada.

A empresa ainda tem opções para mitigar os efeitos negativos e a possibilidade de novos projetos pode equilibrar o impacto das mudanças nas regras do leilão.

Com as incertezas do setor de energia e a necessidade de ajustes nas políticas públicas, o futuro da Eneva dependerá de como ela se adaptará às novas condições impostas pelo governo e da sua capacidade de explorar novas oportunidades no mercado.