Aposta contramão

Enquanto todos fogem, essa gestora aposta que BBAS3 pode dobrar de preço

Mesmo com desvalorização e pessimismo generalizado, Leblon Equities vê potencial oculto nas ações do Banco do Brasil.

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Banco do Brasil
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  • BBAS3 acumula queda de 9% em julho e quase 20% em 12 meses após resultado fraco.
  • Leblon Equities aposta na estatal e acredita que ações podem dobrar até 2026.
  • Mercado continua cético, e projeções para o 2T25 indicam lucros em queda de até 51%.

Em meio ao ceticismo crescente sobre o futuro do Banco do Brasil (BBAS3), uma gestora decidiu remar contra a maré. A Leblon Equities incluiu as ações da estatal na carteira no início de agosto, enxergando potencial de valorização de até 100%, enquanto o mercado em peso revisa projeções para baixo.

A aposta ocorre em um momento desafiador: os papéis do BB amargaram uma desvalorização de 9% apenas em julho, acumulando queda de quase 20% nos últimos 12 meses. Mesmo assim, a gestora acredita que o pessimismo atual criou uma margem de segurança atrativa.

Valuation barato e aposta eleitoral

Segundo Pedro Chermont, sócio-fundador da Leblon Equities, mesmo que a rentabilidade do banco piore nos próximos anos, os preços atuais já embutem boa parte dos riscos. “O valuation está deprimido. Achamos que, mesmo com um cenário mais desafiador, o risco de perda é limitado”, afirmou durante apresentação a cotistas.

Mais do que o preço, a gestora vê valor nas estatais em geral, mirando as eleições de 2026. A avaliação é que, se um candidato mais liberal vencer, haverá maior alinhamento com os interesses do mercado, o que abriria espaço para discussões sobre privatizações e valorização das ações.

Chermont acredita que esse cenário pode ser decisivo para empresas como o BB e a Petrobras. “Em uma eleição com desfecho liberal, ambas podem dobrar de preço. E se Lula seguir no poder, isso já está precificado”, declarou.

BB vive sua pior fase em anos

O atual pessimismo em torno do Banco do Brasil tem justificativa. A estatal frustrou o mercado em junho ao apresentar resultados fracos no 1T25 e retirar o guidance anual, sinalizando incertezas operacionais. O mercado reagiu com vendas intensas.

Analistas como os da Ágora, Bradesco BBI, BTG Pactual, Santander e XP rebaixaram a recomendação do papel de “compra” para “neutra”, e começaram a revisar as projeções para o 2T25, a ser divulgado em 14 de agosto.

O Safra espera um lucro líquido de R$ 4,64 bilhões, queda de 51,5% na comparação anual. Já o Bank of America projeta retração de 40%. Ambos os cenários indicam que o banco enfrenta pressão crescente sobre seus resultados, principalmente no crédito agrícola.

Mercado dividido entre apostas e cautela

Enquanto a Leblon aposta na recuperação da estatal, outras gestoras se mantêm cautelosas, ou abertamente pessimistas. A Legacy Capital, com R$ 20 bilhões sob gestão, revelou recentemente uma posição short em BBAS3, ou seja, apostando na queda das ações.

Na visão da gestora, os riscos estão subestimados, especialmente no segmento agrícola. A exposição elevada do BB a esse setor, somada à deterioração na qualidade da carteira de crédito, representa um risco que, segundo eles, ainda não foi precificado integralmente pelo mercado.

A divisão de visões entre grandes casas evidencia a complexidade do cenário. De um lado, o BB luta para convencer o mercado de que manterá bons fundamentos. De outro, investidores veem na forte correção uma oportunidade de comprar barato antes das eleições.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.