Altas importações

Entenda como a soja brasileira dominou o mercado chinês e atingiu recorde histórico em julho

Exportações do Brasil para a China cresceram quase 14% no mês e representaram 89% das compras totais do gigante asiático.

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  • China importou 10,39 milhões de toneladas de soja do Brasil em julho com aumento de 13,9%
  • Estados Unidos perderam espaço e exportações caíram 11,5% no mesmo mês
  • Recorde mensal de 11,67 milhões de toneladas reforça peso do Brasil no mercado chinês

As importações de soja do Brasil pela China dispararam em julho, com aumento de 13,9% em relação ao mesmo mês do ano anterior. O país asiático, maior comprador global da oleaginosa, adquiriu 10,39 milhões de toneladas do produto brasileiro no período.

O volume correspondeu a 89% de todas as importações de soja realizadas pela China no mês, segundo dados divulgados nesta quarta-feira (20) pela Administração Geral de Alfândega. O avanço confirma a força do Brasil como principal fornecedor para o mercado chinês.

Avanço brasileiro e queda dos EUA

Enquanto o Brasil ampliou sua participação, os Estados Unidos perderam espaço. Os embarques americanos caíram 11,5% em julho, somando 420,8 mil toneladas, contra 475,3 mil no mesmo mês de 2024.

No total, as compras chinesas atingiram 11,67 milhões de toneladas, um recorde histórico para julho. O aumento expressivo refletiu o fortalecimento da oferta brasileira, que se beneficiou de maior competitividade frente aos concorrentes.

Além disso, segundo analistas, a escalada das importações brasileiras foi impulsionada pela qualidade da safra e pelo preço mais competitivo em relação aos grãos americanos. O ambiente de tensão no comércio entre Pequim e Washington também estimulou maior procura por cargas brasileiras.

Portanto, esse cenário consolidou o Brasil como a principal alternativa da China em um momento de incerteza política e econômica entre as duas maiores economias do mundo.

Estocagem estratégica e riscos à frente

Pesquisadores destacam que os chineses estão formando estoques para mitigar riscos de desabastecimento. A forte oferta brasileira, aliada às disputas comerciais com os EUA, criou condições ideais para a ampliação das compras.

Segundo Liu Jinlu, pesquisador da Guoyuan Futures, os riscos estão nas negociações comerciais entre China e Estados Unidos e nas políticas domésticas de controle da produção de suínos, que impactam diretamente a demanda por soja.

Apesar do crescimento em julho, o acumulado de janeiro a julho mostra queda de 3% nas importações chinesas do Brasil, que totalizaram 42,26 milhões de toneladas. O recuo parcial reflete oscilações de produção e logística ao longo do primeiro semestre.

Ainda assim, os números de julho mostram que a China segue dependente do grão brasileiro, reforçando a importância da parceria comercial entre os dois países.

Disputa com os Estados Unidos

No mesmo período, os EUA exportaram 16,57 milhões de toneladas de soja para a China, um aumento de 31,2% sobre o ano anterior. Porém, o atraso nas pré-compras da nova safra americana preocupa exportadores.

Assim, sem garantias de contratos futuros, os produtores americanos podem perder bilhões em vendas, já que os chineses priorizaram cargas brasileiras mesmo em plena temporada de comercialização nos Estados Unidos.

Ademais, em carta enviada na terça-feira (19), produtores americanos pediram ao presidente Donald Trump que chegue a um acordo com Pequim para assegurar compromissos de compra. O impasse adiciona mais pressão sobre a relação comercial entre as duas potências.

Por fim, outros fornecedores ganham espaço. A Argentina exportou 561 mil toneladas de soja à China em julho, alta de 104,7% no acumulado do ano, reforçando a busca chinesa por diversificação de origens.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.