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Entenda como ex-presidente pode virar peça-chave em disputa bilionária no setor bancário

Movimento envolve articulações políticas e jurídicas para destravar uma negociação travada pelo Banco Central e que pode redefinir os rumos do mercado financeiro.

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banco de brasilia brb ipo
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  • Após o veto do Banco Central, contrataram Michel Temer para articular a saída.
  • BRB segue interessado no Master, com foco em crédito consignado e área digital.
  • Passivos elevados e riscos de liquidez ainda travam o avanço da negociação.

O ex-presidente Michel Temer (MDB) foi procurado pelos controladores do Banco Master e do Banco de Brasília (BRB) para atuar como articulador em um impasse que paralisou uma negociação bilionária no setor financeiro. O Banco Central rejeitou a oferta de compra do Master pelo BRB, mas a estatal não desistiu de avançar em parcerias estratégicas com a instituição de Daniel Vorcaro.

Segundo fontes próximas, Temer teria sido convidado há cerca de dez dias pelo governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), e por dirigentes do BRB. O ex-presidente, que tem laços políticos com o governador, deve participar de articulações jurídicas e políticas ligadas a novos movimentos das instituições.

Negócio travado no BC

O Banco Central indeferiu a compra do Master pelo BRB, decisão tomada antes do prazo máximo de análise de um ano. O motivo foi o chamado “risco de sucessão”: a possibilidade de o banco estatal herdar passivos considerados de baixa qualidade.

Apesar do revés, integrantes do BRB reforçam que há interesse em expandir a atuação no crédito consignado, segmento forte do Master. Assim, a compra de carteiras já auditadas é uma das alternativas em estudo.

Nesse caso, como não se trata de aquisição de instituição financeira, não seria necessário aval do Banco Central, o que aceleraria o processo.

Caminhos alternativos

O BRB também avalia parcerias digitais e operações estruturadas de câmbio, incluindo comércio exterior. Essas áreas faziam parte do plano original de aquisição, mas podem avançar de forma independente.

A área digital do Master está ligada ao Will Bank, com forte atuação no Nordeste e reputação tecnológica. Além disso, o BRB vê na plataforma a chance de ganhar expertise e acelerar sua presença no mercado digital.

Por outro lado, o banco estatal considera improvável uma nova proposta formal de aquisição integral do Master.

Pressão financeira e bastidores políticos

A contratação de Temer fortalece as negociações, mas também ressalta a delicadeza da situação. O Master enfrenta passivos elevados com CDBs, emitidos com taxas altas e risco de liquidez.



Além disso, as aplicações até R$ 250 mil contam com garantia do FGC (Fundo Garantidor de Créditos), mas os valores acima disso expõem investidores e aumentam a pressão por soluções rápidas.

Portanto, a decisão do BC ampliou o debate sobre as operações de Vorcaro, marcadas por transações arriscadas com precatórios e títulos.

Impacto no setor financeiro

O acordo anunciado em março previa que o BRB comprasse R$ 23 bilhões em ativos do Master, deixando outros R$ 48 bilhões sob gestão de Vorcaro.

Ademais, a operação movimentou o setor por envolver políticos do Centrão e por mexer nas regras do FGC, que foram alteradas em agosto.

Por fim, com a entrada de Temer, os controladores buscam reabrir caminhos para viabilizar negócios menores, enquanto se afastam da ideia de uma aquisição completa.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.