Golpe decisivo

Entenda por que o BC barrou a compra do Master pelo BRB e acendeu alerta no sistema financeiro

Investigações de lavagem de dinheiro envolvendo parceiros do Master e risco moral para o FGC pesaram na decisão do regulador.

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Entenda por que o BC barrou a compra do Master pelo BRB e acendeu alerta no sistema financeiro
  • BC vetou a compra do Master pelo BRB por vínculos com Reag e Trustee investigadas na Carbono Oculto
  • Estrutura da operação transferia ativos bons ao BRB e deixava risco maior para o FGC
  • Decisão evitou precedente de resgate indireto e reforça sinal de rigor regulatório no setor bancário

O Banco Central decidiu rejeitar a aquisição do Banco Master pelo Banco de Brasília (BRB) na semana passada, decisão que derrubou as ações do BRB e deixou o Master em busca urgente de alternativas de capital.

Embora vários fatores já estivessem no radar dos reguladores, fontes afirmam que o golpe decisivo foi a ligação do Master com empresas investigadas pela Polícia Federal em um esquema bilionário de lavagem de dinheiro.

Ligações com a Reag pesaram na decisão

Segundo pessoas familiarizadas com o processo, a descoberta de vínculos do Master com a Reag Investimentos e a Trustee foi determinante. As duas gestoras, que prestavam serviços de administração ao banco, estão na mira da Operação Carbono Oculto, que identificou R$ 52 bilhões em transações suspeitas no setor de combustíveis.


Reag investimentos, uma das empresas na operação da PF.

Embora nem o Master nem seus executivos tenham cometido irregularidades, a associação com essas empresas aumentou a preocupação do BC. Assim, o risco reputacional, em um momento de maior escrutínio sobre a solidez do sistema, teria pesado mais que qualquer outro argumento favorável.

A Reag e a Trustee, por sua vez, negam envolvimento em crimes e dizem cooperar com as investigações.

O risco moral e o papel do FGC

Outro ponto que incomodava o BC era a estrutura da transação. Parte dos ativos de melhor qualidade seria transferida para o BRB, enquanto os ativos mais arriscados permaneceriam em uma empresa remanescente. Para os reguladores, esse arranjo poderia forçar o Fundo Garantidor de Créditos (FGC) a socorrer novamente o setor em caso de colapso.

Esse risco moral de encorajar bancos a assumir operações arriscadas contando com resgates futuros tornou-se central para a avaliação. Ademais, o temor era de que a fusão criasse precedente para novas operações de “socorro disfarçado”.

Com cerca de R$ 60 bilhões em depósitos e títulos garantidos, o Master representava ameaça significativa ao FGC, que possui R$ 152 bilhões em ativos. Por fim, sem a fusão, caso o banco venha a quebrar, o fundo teria acesso a todos os ativos, e não apenas aos problemáticos.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.