
- Déficit global de carne pode chegar a 2 milhões de toneladas em 2026
- Minerva projeta aumentar produção em 10% após integração das plantas da Marfrig
- IA deve gerar ganhos anuais de R$ 288 milhões, reforçando margens e eficiência
O mundo está prestes a enfrentar um déficit inédito de carne bovina. A queda de rebanhos nos Estados Unidos, China e Europa deve gerar uma escassez de até 2 milhões de toneladas em 2026, segundo projeções do setor.
Nesse cenário, a Minerva (BEEF3) enxerga uma oportunidade bilionária. A empresa afirma que a América do Sul é a única região com capacidade de expandir rapidamente produção e exportações, e já ajusta suas operações para capturar essa demanda.
Aposta no México
O CFO Edison Ticle destacou que os próximos dois anos serão decisivos para a companhia, já que a virada do ciclo pecuário americano só deve ocorrer em 2028. Até lá, a dependência global de importações abre espaço para os sul-americanos.
Um dos maiores mercados em ascensão é o México, favorecido pela guerra comercial iniciada por Donald Trump e pela queda da oferta nos EUA. Assim, a participação brasileira nas importações mexicanas disparou de 3% para 38%.
Desse modo, segundo a Minerva, o país pode representar até 15% de suas exportações em poucos anos, contra menos de 2% atualmente.
Expansão e integração
Após incorporar plantas da Marfrig, a Minerva projeta um salto de 10% na produção em 2026. O quarto trimestre de 2025 será o primeiro com todas as unidades operando sob o modelo da companhia.
A integração foi concluída em apenas três trimestres, um a menos que o previsto, o que acelerou os ganhos de eficiência. Além disso, Ticle afirmou que mesmo com a retenção de fêmeas, característica do ciclo atual, a produção superou expectativas neste ano.
Isso ocorreu por dois fatores principais: melhoramento genético do rebanho, que elevou a fertilidade das vacas, e maior uso do farelo DDG, subproduto do etanol de milho que acelera o ganho de peso e reduz o tempo de abate.
Receita e ganhos com IA
A companhia divulgou guidance de receita entre R$ 50 bilhões e R$ 58 bilhões em 2025, próxima do teto do intervalo. O consenso do mercado estima um EBITDA entre R$ 4,7 bilhões e R$ 5,2 bilhões e alavancagem controlada entre 2,5x e 2,8x.
Parte do ganho de eficiência vem da aplicação de inteligência artificial (IA), que já gera economias significativas em logística, precificação e classificação de carcaças. Ademais, o impacto anual recorrente pode alcançar R$ 288 milhões a partir de 2026.
Por fim, segundo Ticle, a AI vem permitindo otimização de rotas, arbitragem de gado e maior precisão nas matrizes de desmontagem, ampliando margens e produtividade.