
- BBAS3 já acumula alta de mais de 20% desde agosto, impulsionada por medidas do governo.
- Mudanças no crédito rural aliviam provisões e podem adicionar até R$ 1,5 bilhão ao lucro em 2026.
- Analistas ainda veem fundamentos frágeis, com riscos persistentes no agro e no crédito de varejo.
O Banco do Brasil (BBAS3) vive um rali que já soma mais de 20% desde a mínima de agosto, quando as ações chegaram a ser negociadas abaixo de R$ 20. A recuperação ganhou força após medidas do governo federal que trouxeram alívio imediato à carteira rural e reduziram provisões, reacendendo o debate sobre até onde a ação pode ir.
No último dia 5, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou uma Medida Provisória liberando R$ 12 bilhões para renegociação de dívidas de produtores rurais afetados por problemas climáticos. Dias antes, o Conselho Monetário Nacional (CMN) flexibilizou critérios para reclassificação de créditos em atraso, medida que afeta diretamente o tratamento contábil da carteira do banco.
O impacto das medidas no BB
Segundo o Safra, as mudanças corrigem falhas da regulação anterior e permitem que empréstimos antes travados em estágio 3 possam ser reclassificados mais rapidamente. Isso abre espaço para retomada da receita de juros e menor pressão sobre o capital regulatório.

Além disso, os analistas projetam que, somados, os efeitos podem acrescentar até R$ 1,5 bilhão ao lucro líquido do BB em 2026. Já a partir do quarto trimestre de 2025, deve haver impacto positivo nas provisões.
O BTG Pactual também destacou que parte relevante da carteira considerada problemática já não estava inadimplente. Desse modo, a nova regra facilita o reconhecimento antecipado da margem financeira (NII), o que tende a melhorar os resultados no curto prazo.
O que preocupa os analistas
Apesar do alívio imediato, os bancos de investimento alertam que o problema estrutural do agro não desapareceu. A inadimplência segue elevada, e há sinais de deterioração também em crédito à pessoa física e pequenas empresas.
Assim, na visão do Safra os fundamentos continuam frágeis, e a melhora atual é mais contábil do que efetiva. O BTG vai além e lembra que a medida não reduz o risco de novas pressões sobre o balanço caso as condições climáticas continuem adversas.
Portanto, mesmo com o valuation considerado atrativo, BBAS3 negocia com múltiplos abaixo dos pares privados, analistas mantêm cautela, recomendando posição neutra.
O que esperar para a ação
No curto prazo, o apoio regulatório pode manter o otimismo dos investidores, especialmente se o ciclo de queda de juros se confirmar em 2026.
Nesse sentido, o papel já mostra recuperação em setembro, com alta acumulada de quase 4% no mês.
Entretanto, se os riscos de inadimplência voltarem a pesar, a euforia pode perder força. Por fim, para parte do mercado a valorização recente pode ser mais técnica do que sustentada por fundamentos.