
- Goldman elevou projeções para a Vale (VALE3) e manteve recomendação de compra.
- Ebitda de 2025 subiu para US$ 13,9 bilhões, o que abre espaço para dividendos e recompra de ações.
- Riscos incluem preço do minério, real mais forte e Samarco, mas o valuation segue atrativo frente a pares globais.
A Vale (VALE3) ganhou novo fôlego após o Goldman Sachs revisar para cima suas projeções de Ebitda. O banco citou melhorias nas divisões de minério de ferro e metais básicos, além de ganhos já capturados na estratégia comercial.
Mesmo com cortes em estimativas para 2026 e 2027, o Goldman manteve recomendação de compra para a mineradora. Segundo o relatório, a companhia tem espaço para dividendos extraordinários ou recompras de ações já em março de 2026.
Reservas, estratégia e produção
A preservação das reservas de alto teor em Carajás é vista como ponto-chave, já que garante sustentabilidade do plano de mina até depois de 2027. O banco destacou que a empresa não depende de mudanças regulatórias para sustentar esse ritmo.
Nos encontros do Investor Tour, executivos também reforçaram que a meta é manter a produção anual em 360 milhões de toneladas. Essa estabilidade será apoiada por ajustes comerciais, como no Brazilian Blend Fines (BRBF), que passou de desconto para prêmio e gerou US$ 400 milhões adicionais em Ebitda.
No cobre, a administração projeta alcançar 700 mil toneladas anuais até 2035, mas o Goldman não incorporou esse número ao modelo por falta de detalhes técnicos. Mesmo assim, o banco fez simulações para avaliar o potencial de valor dessa operação.
Metais básicos e fluxo de caixa
No segmento de níquel, o desempenho do segundo trimestre surpreendeu positivamente, com custos menores que os esperados. O Goldman vê chance de que a melhora seja estrutural, embora a operação ainda consuma caixa e dependa da recuperação do ciclo.
Para o minério de ferro, a previsão é de equilíbrio em torno de US$ 90 por tonelada, apoiado na curva global de custos, mesmo com a entrada de Simandou. Esse patamar ajuda a sustentar margens e reforça a confiança do banco na tese de longo prazo.
Com isso, a projeção de Ebitda para 2025 subiu de US$ 13,5 bilhões para US$ 13,9 bilhões, valor ainda 5% abaixo do consenso, mas suficiente para abrir espaço a retornos adicionais aos acionistas.
Recomendação e riscos
O Goldman manteve a recomendação de compra para VALE3, mas reduziu o preço-alvo de US$ 15,5 para US$ 14,8 por ação em 12 meses. O múltiplo EV/Ebitda projetado para 2026 é de cinco vezes, desconto de 17% frente a mineradoras australianas.
Os analistas destacaram que a Vale pode entregar fluxo de caixa livre de 8% em 2026, abrindo margem para dividendos robustos ou recompras entre US$ 200 milhões e US$ 400 milhões no início do ano.
Apesar da visão positiva, o relatório alerta para riscos relevantes: queda maior no preço do minério caso a China desacelere, valorização do real frente ao dólar, dificuldades na recuperação do cobre e do níquel, além de possíveis provisões adicionais ligadas à Samarco.