
- Ecopetrol lidera dividendos com DY de 18,46%, mas ação caiu 24,07%
- Howmet Aerospace teve a maior alta: valorização de 130,20% em 12 meses
- Alguns BDRs decepcionaram com perdas de até 91% no período
Entre junho de 2024 e junho de 2025, o desempenho dos BDRs (Brazilian Depositary Receipts) na B3 foi marcado por extremos. Enquanto alguns papéis ofereceram altíssimos retornos em dividendos, outros surpreenderam pelo crescimento agressivo em valor de mercado. A análise foi feita pela Grana Capital, plataforma de controle de investimentos.
O estudo avaliou tanto o dividend yield (DY) quanto a variação dos preços de todos os BDRs negociados na Bolsa brasileira no período. Desse modo, o resultado revela que, para quem diversificou com critério, foi possível ganhar com renda passiva e valorização patrimonial ao mesmo tempo, embora o risco tenha sido alto em alguns casos.
Dividendos robustos em tempos incertos
O grande campeão de dividendos no ano foi o BDR da Ecopetrol (E1CO34), estatal de petróleo da Colômbia. O papel entregou R$ 4,40 por cota, o que representa um dividend yield de 18,46%, o maior entre todos os recibos listados na B3. No entanto, a ação caiu 24,07% no mesmo período, frustrando quem esperava lucro duplo.
Outros BDRs também entregaram retornos expressivos via proventos. O Bancolombia (C2OL34), por exemplo, pagou DY de 13,24% e ainda acumulou valorização de 38,13%, sendo um dos raros casos com desempenho positivo nos dois indicadores. Já a Ternium (TXSA34) teve DY de 11,33%, mesmo com queda de 21,38% no valor da ação.
Além disso, a americana Annaly Capital (N2LY34) pagou 10,32% de DY, mas teve leve desvalorização. Já a chinesa Weibo (W1BO34) se destacou por combinar DY de 7,72% com valorização de 20,06%, mostrando que é possível aliar fluxo de caixa com crescimento em bolsa.
Por fim, o levantamento mostra que empresas com bom fluxo de caixa continuam atraentes para quem busca renda. No entanto, nem sempre isso garante valorização no papel, o que exige atenção ao contexto de mercado e ao setor.
Campeões absolutos de valorização
Quem buscou ganho de capital teve no BDR da Howmet Aerospace (ARNC34) o melhor desempenho do ano. A ação subiu 130,20% entre junho de 2024 e junho de 2025, puxada pela forte demanda no setor aeroespacial e automotivo, onde a empresa atua como fornecedora de peças e sistemas.
Logo atrás está a Royal Caribbean (R1CL34), com alta de 90,20%. A retomada do turismo marítimo após a pandemia impulsionou a operadora de cruzeiros. Deutsche Bank (DBAG34) valorizou 79,92%, seguido por Santander (BCSA34) com 74,79% e Royal Bank of Scotland (N1WG34) com 71,77%.
Ademais, a exceção entre os campeões foi a British American Tobacco (B1TI34), que conseguiu combinar os dois mundos: pagou DY de 5,97% e valorizou 49,91% no período. Poucos ativos tiveram desempenho tão equilibrado.
Portanto, esses resultados indicam que empresas inseridas em setores em ascensão, como indústria, bancos e turismo, conseguiram entregar ganhos consistentes, mesmo com menor distribuição de dividendos.
Quando a escolha dá errado
Na outra ponta, o relatório da Grana Capital também revelou os maiores fracassos entre os BDRs. O pior desempenho foi o da Lions Gate Entertainment (L1RC34), que afundou 91,20%. A empresa do setor de entretenimento enfrenta queda de receita e pressão competitiva.
Além disso, outros papéis com perdas pesadas incluem Broadcom (AVGO34), que caiu 83,46%, e Sony (SNEC34), com desvalorização de 70,13%. Mesmo gigantes do setor de bebidas, como AB InBev (C1AB34) e Constellation Brands (C1NS34), registraram quedas superiores a 59%.
Sendo assim, um exemplo clássico de frustração foi o da Regeneron (REGN34): queda de 50,99% e um DY irrisório de apenas 0,24%. Isso mostra que, em alguns casos, nem a marca forte ou histórico consistente evitam perdas.
Em suma, esses dados reforçam que o investimento em BDRs exige atenção redobrada com fundamentos, setor e momento da economia. Portanto, a diversificação é o melhor escudo contra perdas inesperadas.