
- Os EUA prometeram adotar medidas após a condenação de Bolsonaro, e essas ações podem atingir setores como exportações e bancos
- Moody’s alerta para risco de tarifas adicionais e impacto no fluxo de capitais.
- Investidores monitoram sanções, Congresso e eleições de 2026 para avaliar efeitos no mercado.
O mercado brasileiro vive um momento de euforia: o Ibovespa renova máximas históricas e o dólar caiu para o menor nível em 15 meses, acumulando queda de 14% no ano. O cenário otimista tem sido impulsionado pela expectativa de corte de juros nos EUA, mas um novo fator entrou no radar dos investidores: as possíveis retaliações de Washington após a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Na quinta-feira, o STF condenou Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado após a derrota nas eleições de 2022. A resposta norte-americana pode afetar diretamente os ativos brasileiros, já que o governo dos EUA sinaliza medidas contra o Brasil nos próximos dias.
Riscos de sanções e tarifas no comércio
A Moody’s alertou que uma das retaliações mais prováveis seria a reversão de isenções tarifárias concedidas a produtos brasileiros, como aeronaves, petróleo e suco de fruta. Esses setores, que hoje têm vantagens comerciais, poderiam enfrentar tarifas mais pesadas, comprometendo exportações.
Além disso, analistas apontam que as instituições financeiras brasileiras, responsáveis por 22% do investimento estrangeiro direto dos EUA no Brasil, também estão vulneráveis.
Medidas que atinjam operações bancárias internacionais poderiam reduzir a confiança dos investidores e impactar o fluxo de capitais para o país.
Declarações duras de Washington
O secretário de Estado americano, Marco Rubio, voltou a criticar o Judiciário brasileiro durante visita a Israel. Em entrevista à Fox News, ele afirmou que o “estado de direito está se rompendo” no Brasil e indicou que novas medidas serão anunciadas.
Para especialistas, como Leonardo Santana, da Top Gain, esse tipo de declaração pode esfriar o otimismo recente, já que a migração de capital externo para mercados emergentes tem sido um dos principais motores da Bolsa.
Qualquer sinal de retaliação econômica pode provocar forte correção no câmbio e nas ações brasileiras.
O que monitorar daqui para frente
Segundo Monica Araújo, economista-chefe da InvestSmart XP, três pontos estarão no centro das atenções:
- Novas sanções dos EUA, que podem incluir até a Lei Magnitsky aplicada a membros do Judiciário brasileiro;
- Atividade no Congresso Nacional, onde o clima político pode atrasar projetos importantes, como a reforma tributária;
- Eleições de 2026, que podem ganhar nova dinâmica com a condenação de Bolsonaro, abrindo espaço para candidaturas de centro e reduzindo riscos de polarização extrema.
Enquanto isso, investidores acompanham a reunião do Federal Reserve nesta quarta-feira (17), que pode confirmar cortes de juros nos EUA. Para o mercado, esse será um divisor de águas: se o fluxo de capital externo continuar, a Bolsa brasileira poderá sustentar altas, mas qualquer retaliação de Washington pode mudar rapidamente o humor.