Ações

EUA vai perder muito: jato da Embraer pode virar símbolo de disputa tarifária — entenda

Modelo E175-E1 movimenta bilhões, gera empregos nos EUA e pode ser alvo da sobretaxa de Trump

Apoio

Embraer
Foto: Divulgação

O jato E175-E1, da Embraer (EMBR3), corre sério risco de se tornar a principal vítima da nova tarifa de 50% anunciada por Donald Trump contra produtos brasileiros — e, ironicamente, os próprios EUA podem sair perdendo nessa disputa. Ele custa US$ 60 milhões, voa pelas rotas regionais dos Estados Unidos e é, hoje, um dos principais bens de exportação do Brasil.

Segundo relatório do Citi, o E175-E1 está no centro da tensão tarifária entre Washington e Brasília. O modelo responde por 97% das encomendas firmes da Embraer com destino aos EUA, que somam mais de US$ 3,6 bilhões — incluindo o recente pedido da americana SkyWest, anunciado em junho, no Paris Air Show.

“A Embraer parece ser a empresa mais diretamente impactada no Brasil”, afirmaram os analistas do Citi. “No segmento da aviação comercial, 55% da carteira de pedidos firmes da Embraer é encomendada por companhias aéreas americanas.”

Alta nas tarifas, impacto nos dois lados

O E175-E1, com capacidade para até 90 passageiros, é um queridinho da aviação regional dos EUA, sendo amplamente utilizado por empresas como United, Delta e a própria SkyWest.

O modelo é parte de uma geração de jatos leves e eficientes que preenchem nichos onde grandes aeronaves não são viáveis economicamente.

No entanto, a possível tarifa de 50% sobre sua importação pode encarecer significativamente o custo de operação para as companhias americanas, tornando o modelo menos competitivo frente à concorrência global — o que é contraditório, dado que cerca de 50% a 60% dos componentes desses jatos são fabricados nos próprios Estados Unidos.

“Isso permitiria deduções proporcionais de impostos sobre essas entregas, o que poderia mitigar o efeito tarifário sobre as margens”, ponderaram os analistas do Citi.

A Embraer responde

Procurada pela Bloomberg Línea, a Embraer afirmou que está avaliando os impactos potenciais da medida, caso ela se aplique de fato ao setor de aviação.

A empresa informou ainda que esses efeitos serão detalhados em sua conferência de resultados, marcada para 5 de agosto.

“Estamos trabalhando com as autoridades competentes para restabelecer a alíquota zero dos impostos de importação para o setor aeronáutico”, disse a companhia em nota.

As ações da Embraer caíram mais de 6% na última quinta-feira (10), cotadas a R$ 75,32, após a notícia da tarifa.

Ainda assim, os papéis acumulam alta de cerca de 30% no ano e quase 90% nos últimos 12 meses, em meio à recuperação da demanda por aeronaves e novos contratos internacionais.

José Chacon
José Chacon

Jornalista em formação pela Universidade Federal Fluminense (UFF), com passagem pela SpaceMoney. É redator no Guia do Investidor e cobre empresas, economia, investimentos e política.

Jornalista em formação pela Universidade Federal Fluminense (UFF), com passagem pela SpaceMoney. É redator no Guia do Investidor e cobre empresas, economia, investimentos e política.