O Eurasia Group revisou para negativo a perspectiva de longo prazo do Brasil, citando riscos crescentes relacionados à política doméstica, desafios econômicos e as repercussões da presidência de Donald Trump nos Estados Unidos. A revisão, divulgada em um relatório assinado pelo diretor-executivo Christopher Garman, alterou a trajetória do país de “low neutral” para negativa, um reflexo das atuais incertezas fiscais e políticas que afetam a estabilidade econômica brasileira.
O rebaixamento da perspectiva vem após o anúncio do pacote de gastos do governo brasileiro, juntamente com as políticas econômicas adotadas por Trump. A reavaliação aponta que, embora a perspectiva de curto prazo ainda se mantenha em “low neutral” devido à rápida aprovação de medidas fiscais no Congresso e à ausência de interferências diretas na política monetária, a pressão sobre o governo tende a aumentar.
Desafios econômicos e políticos à vista
O relatório do Eurasia Group destaca o impacto de um real mais fraco e juros elevados sobre o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, que enfrenta desafios adicionais com a alta inflação e a necessidade de reformas fiscais. Segundo o documento, a situação deve colocar ainda mais pressão sobre Lula, tornando sua reeleição em 2026 uma prioridade crucial. “As condições econômicas instáveis podem resultar em uma deterioração modesta das condições políticas no Brasil nos próximos dois anos”, afirma Garman.
Além disso, a análise aponta que a proposta de reformas fiscais e tributárias, apesar de essenciais, tende a gerar custos reputacionais para o Brasil, o que pode acarretar em taxas de juros mais altas por mais tempo, enfraquecendo ainda mais a moeda nacional e pressionando a inflação. Essa combinação de fatores deve levar a um crescimento econômico mais baixo em 2025, prejudicado pela instabilidade política e o cenário fiscal desafiador.
O Cenário econômico
Embora o rebaixamento da perspectiva para negativa reflita um quadro de incerteza, Garman observa que Lula ainda deve manter um desempenho competitivo para a reeleição em 2026. No entanto, a inflação elevada e a desaceleração no crescimento econômico são fatores que podem prejudicar a popularidade do governo, particularmente diante de uma população que já enfrenta dificuldades com o custo de vida.
A inflação brasileira, que deve se manter elevada, juntamente com as taxas de juros altas, deve exercer uma pressão constante sobre o governo, especialmente à medida que se aproximam as eleições de 2026. Com o real mais fraco, o cenário se torna mais complicado para o governo, que terá que equilibrar políticas fiscais rigorosas com a necessidade de manter a confiança do mercado e do eleitorado.
O Eurasia também prevê que o Brasil enfrentará desafios adicionais com o aumento das tensões políticas, especialmente se o governo não conseguir implementar as reformas fiscais e tributárias necessárias. Isso pode resultar em um cenário de crescimento mais baixo e inflação persistente, com impactos diretos na qualidade de vida da população brasileira.