
As exportações da China cresceram apenas 4,4% em agosto, no ritmo mais lento dos últimos seis meses. O número ficou abaixo das expectativas do mercado e gerou preocupação entre investidores, que veem na desaceleração chinesa um risco para as principais economias emergentes.
Considerada o motor global do comércio, a China é peça-chave para a dinâmica das commodities e das cadeias produtivas. Quando os números do país decepcionam, os reflexos atingem desde a Ásia até o Brasil, que depende fortemente da demanda chinesa por minério de ferro, petróleo e soja.
Exportações enfraquecem e EUA puxam a queda
O maior choque veio das vendas para os Estados Unidos, que despencaram 33% no comparativo anual. Mesmo com a trégua tarifária de 90 dias, as tensões comerciais seguem como obstáculo central para os embarques chineses.
Por outro lado, Pequim tem buscado compensar as perdas direcionando exportações para a União Europeia, que cresceram 10%, e para o Sudeste Asiático, que avançaram 22,5%. Ainda assim, os novos parceiros não têm força suficiente para substituir o peso da economia americana.
As importações também decepcionaram, com avanço de apenas 1,3%, frente aos 4,1% de julho, evidenciando que o consumo doméstico segue frágil e que o setor imobiliário continua pressionado.
Superávit não esconde as preocupações
Apesar do enfraquecimento, o superávit comercial chinês subiu para US$ 102,3 bilhões em agosto, acima dos US$ 98,2 bilhões de julho. O dado, no entanto, não é suficiente para dissipar as dúvidas sobre o real fôlego da economia.
No mercado financeiro, a leitura foi imediata: bolsas asiáticas caíram e moedas emergentes perderam valor frente ao dólar. Investidores já especulam que Pequim terá de lançar novos pacotes de estímulo para evitar um impacto mais profundo.
Até agora, o governo tem se mantido cauteloso, limitando-se a incentivos pontuais como renovação de veículos e medidas de crédito seletivo.
Impactos para o investidor brasileiro
A desaceleração chinesa afeta diretamente ativos ligados a commodities, como Vale (VALE3), Petrobras (PETR4) e grandes exportadoras do agronegócio. Se a demanda seguir fraca, a tendência é de maior volatilidade para essas ações, que já mostraram instabilidade após a divulgação dos números.
Além disso, a busca global por proteção pode reforçar a valorização do dólar, pressionando moedas como o real e elevando a incerteza para quem investe em renda variável. Nesse cenário, a diversificação da carteira ganha ainda mais importância.
Com a revisão da lei de comércio exterior pela primeira vez desde 2004, Pequim sinaliza também que pode adotar uma postura mais dura em disputas internacionais, o que adiciona mais risco à equação.
Três pontos principais
- Exportações chinesas crescem apenas 4,4% em agosto e frustram o mercado
- Investidores reagem a queda de 33% nas vendas para os EUA e temem impacto em commodities
- Pequim adota cautela e revisa lei de comércio exterior em meio a tensões globais