
- Crise global de semicondutores pode atingir o Brasil e afetar o setor automotivo.
- Locadoras (RENT3 e MOVI3) podem enfrentar custos maiores e margens pressionadas.
- Bradesco BBI mantém recomendação de compra, apostando em retomada gradual e alívio nos juros.
A possível escassez global de semicondutores reacendeu o alerta no mercado automotivo. Uma disputa entre China e Europa envolvendo a produtora Nexperia, de origem chinesa, já preocupa analistas e montadoras. O receio é de que uma nova paralisação da produção de carros chegue ao Brasil e pressione as locadoras listadas na B3, como Localiza (RENT3) e Movida (MOVI3).
Segundo o Bradesco BBI, caso o problema de fornecimento se confirme, o impacto pode ser negativo para o setor de locação, com aumento de custos e menor disponibilidade de veículos novos.
Setor automotivo em alerta
A crise começou quando o governo holandês assumiu o controle da Nexperia, citando riscos de segurança e propriedade intelectual.
Em resposta, a China restringiu exportações de componentes essenciais para montadoras europeias. O efeito colateral pode atingir toda a cadeia global de produção.
No Brasil, a Anfavea já alertou para a possibilidade de paralisação das fábricas nas próximas semanas. O presidente da entidade, Igor Calvet, afirmou que recebeu notificações sobre o risco de falta de peças críticas.
O Sindipeças-Abipeças também pediu apoio do governo federal, destacando a redução expressiva na oferta de componentes eletrônicos para veículos leves e pesados.
Impactos esperados para locadoras
Durante a pandemia, o mesmo problema provocou redução na produção global de veículos, elevação dos preços e queda nos descontos oferecidos às locadoras.
O BBI relembra que as montadoras priorizaram SUVs e carros de maior margem, reduzindo o acesso a modelos de entrada, justamente os mais usados por frotistas.
Agora, a história pode se repetir. Caso as montadoras elevem preços, Localiza (RENT3) e Movida (MOVI3) precisarão repassar parte do custo ao consumidor. Isso tende a limitar a demanda, já que o setor tem alta elasticidade de preço e enfrenta um ambiente macroeconômico ainda desafiador.
Além disso, os carros usados podem valorizar no curto prazo, o que reduz despesas de depreciação. No entanto, se o custo de reposição continuar alto, o efeito tende a se inverter no médio prazo, aumentando as perdas contábeis.
Perspectivas e recomendações
Apesar dos riscos, o Bradesco BBI vê um efeito menor do que o observado entre 2020 e 2022.
Os analistas acreditam que, desta vez, as montadoras absorverão parte dos custos, já que os veículos estão 41% mais caros desde 2020, segundo o IPCA de Veículos Novos.
Ademais, o banco mantém recomendação outperform (compra) para Localiza e Movida, com preços-alvo de R$ 59 e R$ 10, respectivamente.
Por fim, as ações seguem com desconto de mais de 50% em relação à média histórica, o que pode oferecer oportunidade de entrada para investidores que acreditam em um cenário de juros menores em 2025.