
- PPI mais forte nos EUA pesa no Ibovespa mas não derruba a aposta de corte do Fed em setembro
- Economia brasileira mostra sinais mistos enquanto fiscal e ruído político elevam o prêmio de risco
- Destaques do dia incluem alta de Hapvida e BB enquanto Vale Petrobras e Raízen pressionam o índice
O Ibovespa fechou em baixa de 0,24%, aos 136.355,78 pontos, após o PPI dos Estados Unidos subir acima do previsto e reacender temores sobre inflação. Além disso, o dólar avançou 0,32%, para R$ 5,418, e os juros futuros subiram ao longo da curva.
Mesmo assim, parte do mercado relativizou o dado ao notar efeitos pontuais em “gestão de estoque” e passagens aéreas no relatório. Assim, as apostas seguem elevadas para um corte do Fed em setembro, apesar do ruído.
PPI liga o alerta e mantém o Fed no radar
O PPI veio mais forte e mexeu nas expectativas para a política monetária. Entretanto, economistas ponderaram que itens específicos inflaram o índice e podem perder força adiante.
Scott Ladner, da Horizon Investments, afirmou à CNBC que o dado não tira o Fed de um corte. Além disso, ele disse que o mercado quer ver mais números antes de falar em reaceleração firme.
Já Alberto Musalem, do Fed de St. Louis, descartou um corte de 0,50 ponto, o que esfriou apostas mais ousadas. Ainda assim, a probabilidade de afrouxamento em setembro segue alta.
Europa avança e ajuda a segurar o humor global
Os índices europeus subiram e ofereceram algum contrapeso ao risco. Assim, o PIB da zona do euro em expansão e o Reino Unido acima do previsto reduziram o estresse do dia.
Além disso, a temporada de balanços no continente entregou números sólidos e manteve o apetite seletivo. Desse modo, o fluxo para ações defensivas ganhou tração.
Por fim, a leitura mais estável na Europa ajudou emergentes a evitar perdas maiores, embora o efeito não tenha sido suficiente para virar a Bolsa local.
Sinais mistos na economia brasileira
O dado de serviços mostrou alta no mês, porém indicou desgaste na margem. Rafael Perez, da Suno, citou recuos amplos nos segmentos e perda de fôlego do consumo.
Igor Cadilhac, do PicPay, avaliou que a atividade segue aquecida, mas desacelera gradualmente. Além disso, ele apontou inflação persistente e condições financeiras mais apertadas para os próximos trimestres.
Enquanto isso, o câmbio mais forte pressionou empresas importadoras menos expostas a hedge. Portanto, a curva de juros fechou o pregão em alta e reforçou a cautela.
Ruído político entra no preço e amplia a volatilidade
Donald Trump voltou a criticar o Brasil e falou em “execução política” no caso Bolsonaro. Assim, o tema comercial perdeu espaço para a retórica, o que eleva a incerteza.
Em paralelo, Eduardo Bolsonaro disse à Reuters esperar novas sanções e até tarifas. Desse modo, o mercado adicionou prêmio de risco nas ações mais sensíveis ao comércio.
Além disso, dúvidas sobre o pacote doméstico para mitigar o tarifaço seguem no radar. Portanto, o fiscal continua frágil e influencia a percepção de risco.
Destaques do pregão e leitura setorial
Hapvida (HAPV3) liderou as altas com 8,29% após balanço visto como empolgante. Ademais, BB (BBAS3) subiu 2,96% antes do resultado e B3 (B3SA3) ganhou 1,18% com giro firme.
Na outra ponta, Raízen (RAIZ4) caiu 12,50% em meio a temores de aumento de capital. Além disso, Bradesco (BBDC4) recuou 0,74% em um dia de bancos mistos.
Entre as blue chips, Vale (VALE3) perdeu 1,24% com minério em queda na China. Já Petrobras (PETR4) cedeu 1,28% apesar do petróleo em alta, o que manteve o índice no negativo.