
- Ibovespa fechou acima de 143 mil pontos pela 1ª vez, puxado por expectativa de corte de juros nos EUA
- Petrobras e Embraer caíram, mas Vale, bancos e Magazine Luiza sustentaram a alta histórica
- Noticiário político e pesquisa Datafolha adicionaram volatilidade, mas não impediram novos recordes
O Ibovespa fechou esta quinta-feira (11) em alta de 0,56%, aos 143.150,84 pontos, marcando pela primeira vez um fechamento acima dos 143 mil. Na máxima do dia, chegou a 144.012,50 pontos, consolidando o momento histórico.
A valorização foi acompanhada pela queda do dólar, que recuou 0,27% a R$ 5,392, e pela predominância de baixas nos juros futuros. O desempenho reforça a expectativa de corte de juros pelo Federal Reserve na próxima semana.
Inflação nos EUA e aposta em cortes do Fed
O CPI divulgado hoje veio acima do esperado, mas não mudou a leitura de mercado. A aposta majoritária segue sendo de corte de juros já na reunião de 17 de setembro. Para os investidores, esse é o gatilho que sustenta a sequência de recordes do Ibovespa.
Analistas explicam que, mesmo com resiliência da inflação, a composição favorece uma leitura mais benigna para o núcleo do PCE, índice preferido do Fed. Isso reforça o espaço para iniciar o ciclo de cortes sem maiores resistências.
Na prática, a perspectiva de juros mais baixos nos EUA dá fôlego para ativos de risco e fortalece emergentes como o Brasil, sustentando as altas da Bolsa.
Bolsas no exterior e dados do varejo
A alta não foi exclusividade do Brasil. Em Nova York, Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq encerraram em alta, acompanhados por ganhos nas principais bolsas europeias. O movimento reflete otimismo global com o ciclo monetário americano.
No Brasil, a Pesquisa Mensal do Comércio mostrou queda nas vendas pelo quarto mês seguido, em linha com o esperado. Apesar do recuo, economistas projetam retomada moderada no segundo semestre.
O cenário reforça a visão de economia doméstica em desaceleração gradual, mas sem ruptura, o que mantém o apetite por ativos de risco em meio a expectativa de queda de juros.
Política e STF pressionam clima interno
No campo político, o julgamento no STF contra Jair Bolsonaro ganhou destaque. O voto da ministra Cármen Lúcia consolidou maioria pela condenação do ex-presidente, abrindo caminho para definição de penas.
Além disso, a repercussão política foi acompanhada de nova pesquisa Datafolha, que mostrou a aprovação de Lula em seu maior patamar do ano. O dado trouxe efeito direto sobre a percepção de risco político.
Desse modo, o noticiário reforçou volatilidade intradiária, mas não impediu o Ibovespa de encerrar o dia em recorde histórico.
Vale sustenta ganhos, Petrobras pesa
Entre as blue chips, a Vale subiu 0,78% mesmo com queda do minério, ajudando a sustentar o índice. Os bancos também avançaram: Banco do Brasil subiu 0,77% e Itaú teve leve alta de 0,18%.
Já a Petrobras recuou 0,38%, em linha com a queda internacional do petróleo, reduzindo parte do otimismo na reta final do pregão. A Embraer também decepcionou, com baixa de 1,11%, apesar de projeções otimistas para entregas.
No varejo, Magazine Luiza voltou a brilhar com alta de 8,11%, superando os R$ 10 por ação, enquanto Assaí caiu 0,30%. Por outro lado, Suzano subiu 1,48% com impacto positivo da retirada de tarifas sobre celulose pelo governo Trump.
O que vem pela frente
A sexta-feira será marcada pela divulgação dos dados do setor de serviços no Brasil, que devem confirmar a desaceleração da atividade econômica. O indicador servirá como termômetro para a política monetária do Banco Central.
Ademais, mesmo com a cautela, a semana já entrou para a história como a que consolidou o Ibovespa acima dos 143 mil pontos, reforçando o apetite do investidor estrangeiro e local.
Por fim, o mercado segue monitorando a decisão do Fed, a tensão política no Brasil e os preços das commodities como variáveis centrais para os próximos pregões.