
- Ibovespa cai 0,31%, pressionado por Petrobras e exterior.
- MP fiscal caduca, e governo busca alternativas para cobrir rombo de R$ 42,3 bi.
- Bancos limitam perdas, enquanto dólar sobe e petróleo recua com cessar-fogo em Gaza.
O Ibovespa encerrou esta quinta-feira (9) em queda de 0,31%, aos 141.708 pontos, em um dia de alívio geopolítico, mas de pressão fiscal e externa. A Petrobras (PETR4) liderou as baixas, acompanhando o recuo do petróleo, enquanto os bancos evitaram perdas maiores no índice.
O dólar comercial subiu 0,58%, a R$ 5,37, em um movimento de correção após dias de estabilidade. O clima de otimismo global com o acordo de cessar-fogo em Gaza não foi suficiente para mudar o humor dos investidores no Brasil.
Fiscal pressiona governo e mercado
No cenário interno, o foco seguiu na crise fiscal. A Medida Provisória 1.303, que alterava o aumento do IOF, foi retirada de pauta pela Câmara, e agora deve caducar automaticamente. Sem aprovação, a equipe econômica estima um rombo de R$ 42,3 bilhões até 2026.
A derrota enfraqueceu o governo no Congresso e exigirá novas medidas de arrecadação. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tem buscado alternativas para compensar a perda de receita, enquanto tenta preservar a credibilidade fiscal.
O presidente Lula reagiu com irritação. Disse que parte do Parlamento “votou contra taxar os bilionários”, retomando o discurso de confronto entre ricos e pobres. Apesar do tom político, o governo ainda não apresentou nova estratégia tributária para substituir a MP.
Inflação e juros mantêm incerteza
Enquanto o ambiente fiscal preocupa, o IPCA trouxe algum alívio. O índice mostrou inflação mais branda, o que reduz a pressão sobre o Banco Central. Mesmo assim, o diretor de Política Monetária, Nilton José David, afirmou que o BC não hesitará em subir a Selic novamente se a ancoragem fiscal falhar.
O gestor Norberto Alves, da Reach Capital, avaliou que o dado “coloca panos quentes nas preocupações com os núcleos de inflação”. Já Pablo Spyer, da Ancord, destacou que as pressões atuais parecem temporárias e devem se dissipar em outubro, com a redução da bandeira tarifária de energia.
Apesar do IPCA mais benigno, o mercado segue atento ao cenário fiscal e às negociações diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos, que podem gerar novos acordos comerciais nas próximas semanas.
Pressão internacional e desempenho das ações
Nos Estados Unidos, os índices de Wall Street cederam terreno após uma sequência de recordes históricos. O S&P 500 e o Nasdaq recuaram, refletindo cautela diante da falta de sinalização sobre política monetária por parte de Jerome Powell.
Na Europa, o clima também foi de correção. As ações da Ferrari e do HSBC puxaram o STOXX 600 para baixo, enquanto tensões políticas na França ampliaram a aversão a risco.
Em meio ao ambiente externo negativo, o Ibovespa perdeu força. A Petrobras (PETR4) caiu 1,44%, acompanhando o recuo do petróleo Brent para US$ 65,22. A Vale (VALE3) chegou a subir, mas virou para baixa de 0,15% no fim do pregão.
Bancos seguram o índice e destaques do dia
Os bancos evitaram uma queda maior do índice. O Banco do Brasil (BBAS3) subiu 0,33%, o Bradesco (BBDC4) avançou 0,53% e o Santander Brasil (SANB11) ganhou 1,32%. O Itaú Unibanco (ITUB4), porém, caiu 0,16%.
Entre as altas, WEG (WEGE3) disparou 4,79%, com novos planos de investimento da Light, enquanto B3 (B3SA3) subiu 1,03%, liderando o volume de negociações.
Na ponta oposta, CSN (CSNA3) caiu 0,47% após alertas de prejuízo e suspensão de dividendos. A Tenda (TEND3) recuou 4,51%, frustrando expectativas para o terceiro trimestre. Já a Ambipar (AMBP3) subiu 5,88%, mas segue excluída de todos os índices da B3.
Fechamento do dia
Brent: US$ 65,14 (−1,44%)
Ibovespa: 141.708 pontos (−0,31%)
Dólar: R$ 5,37 (+0,58%)
Bitcoin: R$ 650.515 (−1,08%)
IFIX: 3.573 pontos (−0,11%)