Juros disparam

Fechamento: Ibovespa desaba e perde os 134 mil pontos com WEG e Embraer em queda livre

Tensão comercial com EUA, juros futuros em alta e fuga de investidores derrubam ações brasileiras; Azul salva o dia com alta de 6%.

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Fechamento: Ibovespa desaba e perde os 134 mil pontos com WEG e Embraer em queda livre
  • Ibovespa caiu 1,21% e perdeu os 134 mil pontos, pressionado por incertezas sobre tarifas dos EUA contra produtos brasileiros.
  • Juros futuros e Treasuries subiram, aumentando o custo do capital e derrubando ações de exportadoras como Embraer e WEG.
  • Azul subiu quase 6%, enquanto Vale decepcionou investidores, e o dólar se manteve estável à espera de decisões comerciais.

O Ibovespa voltou a decepcionar nesta quinta-feira (24) e perdeu os 134 mil pontos, puxado por temores de uma guerra comercial com os Estados Unidos e forte recuo de ações exportadoras. Com destaque negativo para Embraer e WEG, o principal índice da Bolsa brasileira encerrou o pregão em queda de 1,21%, aos 133.736,98 pontos, segundo dados preliminares.

O movimento se intensificou com o enfraquecimento dos volumes financeiros e a pressão sobre os juros futuros. No total, foram negociados apenas R$ 14 bilhões, abaixo da média diária de R$ 21,2 bilhões em julho, o que reforçou a cautela do investidor diante das incertezas.

Tarifas americanas travam o mercado

A queda do Ibovespa foi diretamente influenciada pela tensão crescente entre Brasil e Estados Unidos. A partir de 1º de agosto, o governo norte-americano pretende aplicar uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, o que afeta empresas com exposição internacional, como WEG (WEGE3) e Embraer (EMBR3), que recuaram 4,68% e 3,89%, respectivamente.

Além disso, durante evento em Minas Gerais, o presidente Lula afirmou que o país está disposto ao diálogo, mas não descarta retaliações caso a taxação se confirme. O ministro Fernando Haddad, por sua vez, prometeu apresentar um plano de contingência já na próxima semana.

Desse modo, sem uma sinalização de trégua comercial, investidores optaram por reduzir riscos. O resultado foi um giro mais fraco e maior aversão a papéis exportadores, com queda generalizada nas ações industriais e de tecnologia listadas na B3.

Juros disparam com pressão externa

Enquanto isso, os juros futuros avançaram com força. Os contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) refletiram o nervosismo com o cenário fiscal e internacional. O DI para janeiro de 2027 subiu para 14,235%, enquanto o de 2033 fechou a 13,91%.

Ademais, esse movimento acompanhou a escalada dos rendimentos dos títulos norte-americanos. Os Treasuries de dez anos, principal termômetro do risco global, subiram para 4,418% no fim da tarde. A alta dos juros nos EUA costuma pressionar os mercados emergentes, como o Brasil, com fuga de capital estrangeiro.

Na Europa, o Banco Central Europeu manteve sua taxa básica em 2% ao ano. A presidente Christine Lagarde afirmou que ainda não há segurança suficiente para iniciar cortes, o que aumentou a cautela nos mercados globais.

Azul sobe forte e Vale decepciona

Apesar do cenário negativo, alguns papéis destoaram. A ação da Azul (AZUL4) subiu 5,97%, cotada a R$ 0,71, com investidores apostando em recuperação da empresa após medidas de corte de custos e ajustes na frota. Foi o maior ganho do dia.

Na outra ponta, a Vale (VALE3) caiu forte e chegou a perder quase 2% ao longo do dia, mesmo com relatório do Itaú BBA indicando espaço para valorização. A Petrobras (PETR4) também fechou no vermelho, mas com queda mais contida de 0,1%.

Entre os bancos, Itaú (ITUB4) recuou pouco mais de 1% e Bradesco (BBDC4) caiu 1,30%. O setor imobiliário também sofreu: Cyrela (CYRE3) desvalorizou 3,86%, Direcional (DIRR3) caiu 3,32% e Magazine Luiza (MGLU3) teve baixa de 3,33%.

Câmbio e Wall Street em compasso de espera

No câmbio, o dólar à vista fechou estável, cotado a R$ 5,5211, com leve variação negativa de 0,05%. A moeda chegou a operar em alta no intraday, mas recuou diante da postura de espera dos investidores em relação às negociações com os EUA.

Nos contratos futuros, o dólar para agosto subia 0,11%, sendo negociado a R$ 5,5285 por volta das 17h04. No acumulado de 2025, a moeda americana já cedeu 10,65% frente ao real.

Por fim, nos Estados Unidos, os mercados fecharam sem direção única. O S&P 500 avançou 0,08%, o Nasdaq subiu 0,19%, puxado pela Alphabet (Google), enquanto o Dow Jones recuou 0,69%.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.