
- Ibovespa sobe 0,72% com força de Petrobras e Banco do Brasil.
- Relações entre Brasil e EUA seguem congeladas e preocupam investidores.
- Expectativa pelo simpósio de Jackson Hole mantém cautela em Wall Street.
O Ibovespa iniciou a semana em forte alta de 0,72%, alcançando 137.321 pontos. O avanço, impulsionado por Petrobras e Banco do Brasil, trouxe alívio após três quedas consecutivas que haviam colocado pressão no mercado.
Apesar do otimismo local, os investidores seguem atentos ao cenário externo. Nos Estados Unidos, a expectativa pelo simpósio de Jackson Hole, que pode definir os rumos da política monetária, segurou os principais índices em estabilidade.
IBC-Br e inflação aquecem expectativas
O ambiente doméstico ganhou força após a divulgação do IBC-Br de junho, que mostrou desaceleração abaixo do esperado. Analistas interpretaram os números como sinal de que a política monetária do Banco Central começa a surtir efeito.
Para Rafael Perez, economista da Suno Research, os dados reforçam que a atividade econômica perdeu tração no segundo trimestre, refletindo uma desaceleração heterogênea entre setores.
Outro fator de ânimo foi o Boletim Focus, que trouxe projeções de inflação abaixo de 5% em 2025. Foram doze revisões consecutivas para baixo, sinalizando melhora na confiança.
O dólar, por sua vez, subiu 0,68%, a R$ 5,43, mas analistas do Goldman Sachs apontam tendência estrutural de enfraquecimento da moeda americana frente a emergentes.
Relações frias entre Brasil e EUA
O clima positivo no mercado financeiro contrasta com a tensão diplomática. Segundo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o entrave nas relações comerciais partiu dos Estados Unidos. Ele admitiu que, se não houver solução, o comércio bilateral pode encolher ainda mais.
O embate ganhou novo capítulo com decisão do ministro do STF Flávio Dino, que determinou que brasileiros não podem ser afetados por leis estrangeiras em território nacional. O recado foi entendido como resposta direta à aplicação da Lei Magnitsky a Alexandre de Moraes.
Moraes, por sua vez, endureceu o tom em entrevista ao Washington Post. Ele afirmou que não recuará diante das pressões americanas em julgamentos relacionados à tentativa de golpe no Brasil.
Portanto, a tensão diplomática segue como risco importante para investidores que monitoram as relações externas brasileiras.
Geopolítica no radar
Enquanto isso, em Washington, Donald Trump recebeu Volodymyr Zelensky em reunião considerada amistosa. O encontro contou com a presença de líderes europeus e reaqueceu a possibilidade de um diálogo trilateral envolvendo EUA, Ucrânia e Rússia.
No mesmo dia, Lula recebeu ligação de Vladimir Putin após se reunir com o presidente do Equador. Assim, o russo compartilhou impressões sobre sua conversa com Trump na semana passada, em movimento que coloca o Brasil no centro do tabuleiro diplomático.
Desse modo, apesar da relevância geopolítica, o impacto nos mercados foi limitado. Em Nova York, os índices ficaram praticamente estáveis, com investidores à espera dos sinais do Fed em Jackson Hole.
Vale cai, Banco do Brasil dispara
No pregão, poucas ações ficaram no vermelho. Vale recuou 0,23%, pressionada pelo minério em baixa. A PRIO também caiu 3,14%, após a ANP interditar uma plataforma.
Em contrapartida, Petrobras subiu 0,63%, acompanhando a valorização do petróleo. Logo, o destaque, porém, ficou com Banco do Brasil, que avançou 2,03% e liderou os negócios.
Além disso, o IRB ganhou 1,42%, em recuperação após o balanço do segundo trimestre, enquanto Raízen disparou 10,58% com rumores de possível entrada da Petrobras em um novo negócio.
Por fim, para terça-feira, a agenda de indicadores é mais leve, mas o foco seguirá nas negociações políticas e na temperatura das relações comerciais.