
- Ibovespa caiu 0,18%, com Petrobras em baixa e Vale e BB em alta
- Trump pressiona o Fed e aumenta risco político nos EUA
- IPCA-15 trouxe deflação, mas analistas veem pressões em serviços
O Ibovespa interrompeu a sequência de ganhos e fechou em queda nesta terça-feira (26). O índice cedeu 0,18%, aos 137.771 pontos, em um pregão de baixa liquidez e marcado pela cautela dos investidores.
Enquanto Petrobras recuou acompanhando o petróleo, Vale e Banco do Brasil se destacaram com altas expressivas, em um cenário que misturou política internacional, tensões no Federal Reserve e dados domésticos de inflação.
Trump pressiona o Fed e aumenta cautela nos mercados
Nos Estados Unidos, os principais índices terminaram com leves altas, mas o ambiente segue de nervosismo. A demissão da diretora do Fed, Lisa Cook, pelo presidente Donald Trump, elevou o clima de tensão em Washington. Cook se recusou a deixar o cargo e analistas afirmam que o verdadeiro motivo foi sua postura crítica às tarifas impostas por Trump.
Para o mercado, o embate expõe uma pressão política perigosa sobre a política monetária americana. A leitura é de que as tarifas podem alimentar a inflação e forçar o Fed a manter os juros altos por mais tempo.
Apesar disso, investidores ainda apostam em um corte de juros em setembro, o que pode dar fôlego às bolsas globais. Desse modo, os próximos dias serão decisivos, com a divulgação da prévia do PIB e do índice PCE, indicador de inflação preferido do Fed.
Crise francesa e movimentação brasileira
Na Europa, os mercados reagiram mal à crise política na França. O governo de François Bayrou enfrenta risco de queda após convocar um voto de confiança, e a Eurasia estima 70% de chance de derrota na Assembleia Nacional. Assim, a instabilidade pressiona as bolsas e reforça a percepção de fragilidade da economia europeia.
No Brasil, o governo Lula intensifica esforços diplomáticos após o tarifaço imposto por Trump. Além disso, uma megacomitiva liderada por Geraldo Alckmin foi enviada ao México para ampliar acordos comerciais, enquanto ministros reforçam diálogo com China, Europa e países árabes.
Portanto, o Palácio do Planalto tenta transformar a crise em oportunidade política, mudando até o slogan oficial e apostando no aumento da imagem negativa dos EUA entre brasileiros para fortalecer seu discurso de soberania.
Deflação enganosa e destaques da Bolsa
O IPCA-15 trouxe deflação de 0,14% em agosto, primeira queda desde 2023, mas o alívio foi visto como temporário. Analistas da XP e do Itaú BBA destacaram que os preços de serviços continuam pressionados, o que pode manter a inflação resiliente no médio prazo.
Ademais, nos negócios, Vale subiu 0,89% mesmo com minério em queda, e Banco do Brasil avançou 1,65% com fluxo comprador. Já Petrobras recuou 0,72% acompanhando a queda do petróleo internacional, e Itaú perdeu 0,67%.
Por fim, entre as maiores altas, Embraer ganhou 0,99% e GPA disparou quase 9% após mudança no bloco de controle. No lado negativo, Usiminas e Hapvida recuaram com avaliações cautelosas de analistas.