Em queda

Fechamento: Ibovespa escorrega com tarifas, julgamento de Bolsonaro e PIB mais fraco

Índice fecha em queda puxado por bancos e Vale; Petrobras segura parte das perdas, enquanto investidores ampliam cautela com política e economia.

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Fechamento: Ibovespa escorrega com tarifas, julgamento de Bolsonaro e PIB mais fraco
  • O Ibovespa caiu pressionado por julgamento de Bolsonaro, temor de tarifas nos EUA e PIB mais fraco
  • Bancos lideraram perdas, com Banco do Brasil sob maior risco por possíveis sanções americanas
  • Petrobras e Cosan seguraram parte do índice, enquanto Vale e varejo contribuíram para a queda

O Ibovespa encerrou a terça-feira (2) em queda de 0,67%, aos 140.335 pontos, pressionado por incertezas externas e locais. O julgamento de Jair Bolsonaro no STF, os sinais de moderação do PIB e o temor de novas tarifas vindas dos Estados Unidos deixaram o investidor mais avesso ao risco.

No câmbio, o dólar avançou 0,65%, a R$ 5,47, e os juros futuros subiram em toda a curva. A leitura do mercado é que a combinação de política e economia forma um cenário instável, capaz de limitar o apetite por ações no curto prazo.

Pressão vinda do exterior

Wall Street voltou do feriado em queda, após decisão judicial que considerou ilegais algumas tarifas do governo Trump. O episódio aumentou a sensação de incerteza sobre a política comercial dos EUA. Os principais índices recuaram: Dow Jones, S&P500 e Nasdaq registraram perdas consistentes.

Na Europa, os rendimentos dos títulos públicos dispararam, atingindo máximas em anos e pressionando as bolsas locais. Esse ambiente externo pesou sobre emergentes, incluindo o Brasil, que já enfrentava seu próprio pacote de riscos internos.

Além disso, a aproximação entre Rússia e China, com novos acordos de gás, reforçou a percepção de realinhamento global. O investidor brasileiro vê nesse movimento sinais de maior volatilidade para as commodities e para o câmbio.

STF no centro do radar

No Brasil, o julgamento de Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado adiciona um elemento político relevante ao mercado. A condenação pode aumentar o isolamento do ex-presidente, mas também abre espaço para que os EUA adotem medidas mais duras contra o Brasil em apoio ao discurso de Donald Trump.

A expectativa de novas sanções, inclusive ao Banco do Brasil, deixa o setor bancário vulnerável. BBAS3 liderou as quedas do pregão, recuando mais de 3%. Investidores já precificam um cenário de maior risco regulatório e diplomático.

Esse fator elevou a cautela em relação a todo o sistema financeiro, com Itaú e Bradesco também registrando perdas. Desse modo, a leitura predominante é de que a turbulência política pode retardar planos de crescimento e dividendos.

PIB perde fôlego

No campo econômico, o PIB do 2º trimestre avançou 0,4%, ligeiramente acima das projeções. Apesar do resultado positivo, o dado mostrou perda de ritmo em comparação ao primeiro trimestre, quando o agro foi o grande motor.

Além disso, a posição do Brasil no ranking global da Austin Rating também reforçou a percepção de enfraquecimento. O país caiu do 2º para o 32º lugar entre 55 economias analisadas, o que reduziu o otimismo de curto prazo.

Analistas apontam que os juros elevados devem continuar restringindo investimentos e consumo de bens duráveis. Portanto, essa leitura pesa principalmente sobre ações de varejo e construção civil, que já mostraram sinais de fraqueza nesta sessão.

Empresas em destaque

A Vale teve leve queda de 0,38%, mesmo com minério de ferro em alta na China, e puxou o índice para baixo. O movimento reforça a dificuldade da mineradora em sustentar ganhos diante da desaceleração global.

Na contramão, a Petrobras subiu 0,51% com suporte do petróleo internacional, ajudando a limitar as perdas do Ibovespa. Ademais, as petroleiras juniores acompanharam o movimento, embora Brava (BRAV3) tenha caído após reportar novo recorde de produção.

Por fim, entre as vencedoras do dia, Cosan (CSAN3) avançou mais de 3%, apoiada em visão positiva de analistas sobre desalavancagem e valorização futura. No varejo, Magazine Luiza e Lojas Renner voltaram a cair, pressionadas pelos juros futuros em alta.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.