
- Ibovespa fechou perto da máxima histórica, em alta de 0,81%, puxado pelo otimismo com corte de juros nos EUA
- Balança comercial brasileira surpreendeu positivamente em agosto, mesmo sob impacto do tarifaço de Trump
- Cosan liderou as altas do índice, enquanto Azzas e BRB ficaram entre as quedas mais relevantes do dia
O Ibovespa fechou em alta de 0,81% nesta quinta-feira (4), aos 140.993,25 pontos, uma valorização de 1.129,62 pontos, depois de flertar com a máxima histórica. Na máxima intradiária, chegou a bater 141.481,83 pontos, acima do recorde de 29 de agosto (141.422,26), mas perdeu força no final.
O dólar comercial cedeu 0,09%, a R$ 5,447, na segunda queda seguida, enquanto os DIs recuaram em toda a curva. O clima de alívio veio de fora: investidores quase consolidaram a expectativa de corte de juros pelo Federal Reserve em setembro.
Fed no radar: quase certeza de corte
O que animou os mercados foi a leitura de que o Fed deve reduzir a taxa já na reunião de 16 e 17 de setembro. A ferramenta CME mostra 97,6% de probabilidade de corte de 0,25 ponto, contra apenas 2,4% de manutenção.
A convicção se apoia nos números do mercado de trabalho dos EUA. O pedido semanal de seguro-desemprego subiu, reforçando sinais de desaquecimento. O relatório ADP, que mede vagas no setor privado, também veio mais fraco: foram criadas quase metade das vagas de julho.
Agora, a atenção se volta ao payroll, que sai nesta sexta (5). Caso confirme perda de ritmo no emprego, o Fed terá respaldo para agir. Mesmo assim, pressões políticas do presidente Donald Trump e mudanças internas na autoridade monetária mantêm incertezas no radar.
Balança comercial e política brasileira
Internamente, a balança comercial de agosto ajudou a sustentar o otimismo. Mesmo com as tarifas de 50% dos EUA sobre produtos brasileiros, o superávit saltou 35,8% em relação ao mesmo mês de 2024. O dado reforça que o Brasil tem reduzido a dependência das exportações para o mercado americano.
Apesar do alívio econômico, o caso segue politizado. A oposição busca capitalizar o tarifaço em meio ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, tentando viabilizar sua elegibilidade em 2026 e preservar espaço político para Eduardo Bolsonaro, que articula nos EUA.
O saldo, portanto, foi de uma combinação entre impulso externo e ruídos políticos internos que continuam a pesar sobre o ambiente de negócios.
Ações em destaque no pregão
No Ibovespa, bancos avançaram, ainda que com cautela diante da Lei Magnitsky. Banco do Brasil (BBAS3) subiu 0,69% após oscilar no vermelho, enquanto Bradesco (BBDC4) ganhou 2,00%.
Entre as blue chips, Vale (VALE3) avançou 0,20% e Petrobras (PETR4) ficou estável, mas sustentando o índice. Cosan (CSAN3) brilhou com alta de 5,63% após sinalizar busca ativa de investidores para fortalecer sua estrutura de capital.
Outros destaques foram Petz (PETZ3), com alta de 0,26% em meio ao processo de fusão com a Cobasi, e Marfrig (MRFG3), que subiu 2,13% após o Cade marcar reunião extraordinária para analisar sua fusão com a BRF. Já Azzas 2154 (AZZA3) caiu 1,10%, e o BRB (BSLI3), fora do Ibovespa, recuou 3,25% após a rejeição do BC à compra do Banco Master.