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Fechamento: Ibovespa fecha em queda com payroll fraco e tarifaço; Vale resiste

Clima nos mercados é de tensão, com dados ruins nos EUA, novas tarifas contra o Brasil e incertezas geopolíticas.

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Fechamento: Ibovespa fecha em queda com payroll fraco e tarifaço; Vale resiste
  • Ibovespa recuou 0,48% nesta sexta e fechou a semana em queda de 0,81%
  • Payroll fraco nos EUA derrubou Wall Street e fortaleceu expectativa de corte de juros
  • Tarifaço de Trump avança e Lula prepara pronunciamento; Vale (VALE3) foi destaque positivo

A primeira semana de agosto terminou como uma das mais turbulentas do ano nos mercados. O Ibovespa recuou 0,48% nesta sexta-feira (1º), encerrando aos 132.437 pontos, e acumulou uma perda semanal de 0,81%, pressionado por dados fracos dos EUA e pelas novas tarifas contra o Brasil.

Embora investidores esperassem sinais de recuperação, o payroll dos EUA veio muito abaixo do esperado, o que aumentou o temor de que a economia americana esteja desacelerando. Ao mesmo tempo, o tarifaço imposto pelo governo Trump agravou a crise comercial, levando o presidente Lula a anunciar um pronunciamento em rede nacional.

Payroll decepciona e pressiona o Federal Reserve

Desde cedo, os mercados globais reagiram negativamente à divulgação dos dados de emprego nos Estados Unidos. O relatório payroll mostrou geração de vagas aquém das expectativas, além de trazer revisões negativas dos meses anteriores. Com isso, aumentaram as apostas de que o Federal Reserve deverá cortar os juros em setembro.

Enquanto isso, Donald Trump aproveitou o dado fraco para demitir a chefe de estatísticas do Departamento do Trabalho. Em seguida, voltou a pressionar o presidente do Fed com uma publicação na Truth Social: “Jerome ‘Atrasado demais’ Powell é um desastre. REDUZA AS TAXAS DE JUROS!”, escreveu ele.

Consequentemente, os principais índices de Wall Street caíram com força. O Dow Jones perdeu 1,23%, o S&P 500 recuou 1,60% e o Nasdaq afundou 2,24%. Nem mesmo os resultados positivos da Apple conseguiram melhorar o humor do mercado.

Diante desse cenário, o dólar caiu 1,01% frente ao real e fechou a R$ 5,54. Além disso, os juros futuros recuaram, impulsionados pela nova expectativa de afrouxamento monetário nos EUA.

Crise comercial com EUA se agrava e Lula prepara reação

No Brasil, o ambiente também se deteriorou. As tarifas de até 50% sobre produtos brasileiros entram em vigor na próxima semana. Por isso, o governo federal segue tentando negociar reduções, especialmente para produtos como o café, que têm grande peso no comércio bilateral.

Apesar das tentativas de diálogo, a Casa Branca ainda não respondeu. Como resultado, o presidente Lula deve se pronunciar à população em rede nacional para condenar o tarifaço e defender a soberania nacional. Ele também comentará as sanções dos EUA contra o ministro Alexandre de Moraes.

Mesmo assim, os problemas não param por aí. Os dados da produção industrial de junho mostraram uma expansão fraca, o que reforça os sinais de desaceleração da economia brasileira. Segundo analistas, o ambiente externo conturbado e os juros altos devem impactar o crescimento nos próximos meses.

Dessa forma, o governo se vê forçado a equilibrar o discurso político com medidas econômicas práticas, em meio a uma conjuntura global desafiadora.

Vale, frigoríficos e varejo limitam perdas do índice

Apesar do pessimismo generalizado, algumas ações conseguiram se destacar positivamente. A Vale (VALE3) subiu 0,54% após divulgar resultados sólidos e anunciar dividendos. De acordo com analistas, a empresa apresentou desempenho operacional robusto e surpreendeu mesmo com a queda do minério de ferro.

Além disso, o setor de frigoríficos também teve bons resultados. Marfrig (MRFG3) avançou 0,56% e BRF (BRFS3) ganhou 1,35%, sustentadas pela resiliência da receita no mercado doméstico.

Outro grupo que registrou ganhos foi o varejo. Magazine Luiza (MGLU3) valorizou 2,27%, enquanto Assaí (ASAI3) teve alta de 3,08%. Essa performance foi impulsionada pela queda nos juros futuros e pela percepção de que os cortes de taxas poderão estimular o consumo.

Entretanto, a maior alta do dia veio da Marcopolo (POMO4), que saltou 7,63% após divulgar um balanço que agradou os investidores.

Petrobras, bancos e siderúrgicas ampliam o tombo

Por outro lado, empresas relevantes do índice sofreram fortes perdas. A Petrobras (PETR4) caiu 1,32% com a baixa no preço do petróleo. Já a PRIO (PRIO3) recuou 2,84%, acompanhando o mesmo movimento.

Entre os bancos, o desempenho foi desigual. Enquanto Bradesco (BBDC4) subiu levemente, com 0,19%, o Banco do Brasil (BBAS3) despencou 6,85% e liderou as quedas do dia. Itaú (ITUB4) também recuou, com baixa de 0,61%.

Além disso, as siderúrgicas registraram perdas significativas. A Gerdau (GGBR4) caiu 4,69%, após divulgar queda no lucro, e a CSN (CSNA3) perdeu 4,99%, mesmo com a redução no prejuízo.

Diante de tantas pressões, o Ibovespa encerrou a semana em clima de frustração. O mercado seguirá atento ao discurso de Lula e aos desdobramentos internacionais na próxima semana.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.