Virada inesperada

Fechamento: Ibovespa fecha em queda com Petrobras pressionando e dólar recuando no fim do dia

Bolsa brasileira perde força após oscilações e encerra no negativo, enquanto exterior reage a falas de Powell e novas tensões entre EUA e China.

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Fechamento: Ibovespa fecha em queda com Petrobras pressionando e dólar recuando no fim do dia
  • Ibovespa recuou 0,07%, aos 141.682 pontos, após oscilações e baixa da Petrobras.
  • Powell indicou incerteza sobre juros e o fim do aperto quantitativo nos EUA.
  • Trump voltou a ameaçar tarifas, elevando o risco para mercados e commodities.

O Ibovespa encerrou esta terça-feira (14) em leve queda de 0,07%, aos 141.682 pontos, depois de passar boa parte do pregão em alta. A virada veio na reta final, puxada pelo recuo de Petrobras (PETR4) e por um cenário internacional instável.

O dólar chegou a subir com força, mas perdeu tração no fechamento e terminou o dia com alta discreta de 0,18%, cotado a R$ 5,47. O movimento reflete a cautela dos investidores após novas declarações do Federal Reserve (Fed) e incertezas sobre tarifas comerciais de Donald Trump.

Powell muda o tom e reacende debate sobre juros

Em discurso na Filadélfia, o presidente do Fed, Jerome Powell, reconheceu que há um “debate saudável” dentro do banco central americano sobre o ritmo dos próximos cortes de juros. Ele indicou que ainda não há consenso sobre o cenário para outubro, reforçando a volatilidade nos mercados.

Powell afirmou que emprego e inflação seguem estáveis desde setembro, quando o Fed reduziu sua taxa básica em 0,25 ponto percentual. Contudo, destacou que as tarifas impostas pelos EUA continuam pressionando os preços, o que pode limitar o espaço para novos cortes.

A fala adicionou incerteza aos mercados globais, que já vinham reagindo a sinais de desaceleração econômica e à falta de dados oficiais recentes nos EUA, devido à paralisação parcial do governo.

Trump ameaça tarifas e pressiona relação com China

Enquanto isso, o presidente Donald Trump voltou a elevar o tom contra a China e os Brics, ameaçando impor tarifas de até 100% sobre produtos chineses, especialmente aqueles ligados a minerais raros.

Segundo Jamieson Greer, representante comercial dos EUA, as medidas dependem da resposta da China sobre o controle das terras raras, fundamentais para a indústria tecnológica americana.

Além disso, o ex-secretário de comércio, Wilbur Ross, alertou que o bloqueio chinês já afeta as cadeias de suprimento nos EUA, o que pode aumentar os custos e reduzir margens corporativas.

Essas tensões pesaram sobre os principais índices de Nova York, que fecharam mistos: Dow Jones subiu levemente, enquanto Nasdaq e S&P 500 recuaram.

Balanços nos EUA aliviam parte da pressão

O setor financeiro americano foi o destaque positivo do dia, com Citigroup, Goldman Sachs, Wells Fargo e JPMorgan apresentando resultados acima das projeções no 3T25. Os lucros e receitas vieram fortes, indicando resiliência dos grandes bancos mesmo com juros elevados.

Apesar disso, o otimismo não foi suficiente para sustentar o apetite por risco no fim do pregão. As Bolsas europeias também encerraram mistas, acompanhando o clima de indefinição global.

Já o ouro, ativo de proteção em tempos de incerteza, voltou a renovar recorde histórico, impulsionado pelas apostas de cortes de juros nos EUA.

Cenário doméstico: Petrobras cai e Haddad tenta reagir

No Brasil, o destaque negativo foi a Petrobras (PETR4), que recuou 0,69% após o Ibama solicitar novas informações sobre o licenciamento para perfuração na Foz do Amazonas.

O petróleo internacional até esboçou recuperação durante o dia, mas voltou a cair, ampliando a pressão sobre o papel.

No campo político, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, buscou amenizar o impacto da derrota da MP 1303 no Congresso. Ele afirmou que vai “sentar com Lula” para buscar uma saída orçamentária e não descartou cortes em emendas parlamentares.

O FMI, por outro lado, revisou para cima a projeção do PIB brasileiro de 2025, embora tenha reduzido a de 2026, reforçando um cenário de moderação no crescimento.

Bancos divididos e empresas em destaque

Entre os bancos, Bradesco (BBDC4) subiu 1,42% e Itaú (ITUB4) avançou 0,43%, após revisões positivas de analistas. Já Santander (SANB11) e Banco do Brasil (BBAS3) recuaram 1,05% e 0,86%, respectivamente.

A Vale (VALE3) ficou estável, após oscilar entre ganhos e perdas ao longo da sessão.

Destaques positivos ficaram com Embraer (EMBR3), que disparou 4,89%, e Banco Pan (BPAN4), que saltou 26,49% após a proposta de incorporação de ações pelo BTG Pactual (BPAC11).

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.