
- O Ibovespa caiu 0,10% no primeiro pregão de setembro em sessão esvaziada sem Wall Street.
- O cenário político ganha força com julgamento de Bolsonaro no STF e divulgação do PIB.
- Ações como Azul e Casas Bahia dispararam, enquanto Banco do Brasil puxou perdas entre os bancos.
Setembro começou com o Ibovespa em queda de 0,10%, aos 141.283 pontos, em um pregão esvaziado pela ausência de Wall Street, fechado pelo feriado do Dia do Trabalho. O dólar comercial avançou 0,32%, a R$ 5,439, enquanto os juros futuros fecharam sem direção única.
A leitura dos analistas foi de que a queda inicial não comprometeu o cenário mais amplo. O JPMorgan apontou que a bolsa brasileira ainda deve se beneficiar da expectativa de corte de juros nos Estados Unidos. Já a XP reafirmou a projeção de Ibovespa a 150 mil pontos no fim de 2025, indicando confiança no potencial de valorização.
Pressão externa e movimentos políticos
Mesmo sem referência de Nova York, o cenário internacional marcou presença. O presidente da China, Xi Jinping, aproveitou cúpula com Rússia e Índia para defender uma nova ordem econômica e de segurança global. O líder falou em enfrentamento ao hegemonismo e atacou, de forma indireta, a política tarifária de Donald Trump.
O presidente Lula não participou do encontro, mas convocou reunião virtual entre líderes do Brics para debater os efeitos do tarifaço. Essa movimentação reforçou a sintonia entre Brasília e Pequim em torno da defesa do “Sul Global”. Assim, o início de setembro já trouxe sinais de disputa geopolítica que tendem a influenciar os mercados.
Enquanto isso, o foco político se desloca para Brasília. O Supremo Tribunal Federal abre nesta terça-feira (2) o julgamento de Jair Bolsonaro e militares acusados de tentativa de golpe de Estado. O presidente do STF, Luís Roberto Barroso, declarou que a Corte atuará com base na Constituição e que a missão é servir ao país.
Bolsas e ações em destaque
No pregão doméstico, a liquidez foi a menor desde 25 de julho. A Vale conseguiu virar para o positivo nos minutos finais, subindo 0,07%, mesmo com queda do minério no mercado internacional. A Petrobras oscilou durante o dia e fechou em alta de 0,23%, apoiada na produção recorde de 5 milhões de barris diários e na valorização do Brent.
O setor de varejo se destacou com Magazine Luiza em alta de 1,10% no quarto pregão consecutivo de ganhos. GPA avançou 2,51%, enquanto Alpargatas subiu 2,95% após recomendação de compra por analistas.
Entre os bancos, oscilação: Banco do Brasil caiu 1,40%, Bradesco recuou 0,65% e Itaú subiu 0,79%. Fora do índice, dois papéis chamaram atenção: Azul disparou 17,65%, após reportar forte geração de caixa em julho, e Casas Bahia saltou 19,77%.
Olhar para o que vem pela frente
A agenda desta terça promete agitar o mercado. O destaque será a divulgação do PIB do segundo trimestre, com projeção de alta de 0,3% frente ao trimestre anterior e de 2,2% em relação a 2024. Se confirmado, o dado mostrará resiliência da economia, apesar de sinais de desaceleração.
O PMI da indústria divulgado hoje indicou a maior retração em dois anos, sob impacto direto das tarifas e da política de juros. Isso reforça que setembro terá dias de forte oscilação. Além do julgamento de Bolsonaro e do PIB, o cenário internacional segue como fator de influência sobre o comportamento do mercado brasileiro.
Para os investidores, a mensagem é clara: o mês começou com cautela, mas os próximos capítulos ainda devem definir o rumo do mercado. Setembro promete ser intenso e exige atenção redobrada.