Cautela global

Fechamento: Ibovespa reage com alta, mas tensão com Trump trava otimismo

Bolsa sobe 0,45% após três quedas, com Petrobras e Embraer no topo; investidores evitam risco em semana decisiva com juros e tarifaço.

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Fechamento: Ibovespa reage com alta, mas tensão com Trump trava otimismo
  • Ibovespa sobe 0,45% com destaque para Petrobras (PETR4) e Embraer (EMBR3), mas volume segue fraco; dólar recua a R$ 5,569.
  • Expectativa domina os mercados diante do tarifaço de Trump, Copom no Brasil e Fed nos EUA.
  • Governo brasileiro pede extensão de prazo para tarifas e evita exposição de Lula em telefonema com Trump.

Depois de três sessões negativas, o Ibovespa conseguiu respirar nesta terça-feira (29), encerrando o dia com alta de 0,45%, aos 132.725 pontos. A valorização foi puxada principalmente pelas ações da Petrobras e Embraer, enquanto o dólar cedeu 0,38%, fechando a R$ 5,569.

Apesar da alta, o volume financeiro na B3 permaneceu fraco, refletindo a grande cautela dos investidores em meio a uma semana recheada de eventos com potencial de impacto global — como o tarifaço dos EUA, reuniões de política monetária e resultados de gigantes de tecnologia.

Tensões comerciais e silêncio de Trump travam negociações

A principal fonte de apreensão segue sendo a imposição de tarifas de 50% sobre exportações brasileiras para os EUA, anunciadas por Donald Trump. O governo Lula ainda tenta evitar que os tributos entrem em vigor já em 1º de agosto, mas até agora não obteve respostas objetivas.

O ministro Fernando Haddad confirmou que as negociações seguem em ritmo lento. “Nem eles sabem o que será tarifado”, afirmou. A ausência de clareza tem gerado instabilidade nos mercados e adiado decisões de investimento.

Além disso, o Planalto ainda não decidiu se Lula telefonará para Trump. Segundo Haddad, o governo teme que desrespeitem o presidente brasileiro em reunião na Casa Branca, assim como ocorreu com o ucraniano Volodmir Zelensky. Os envolvidos precisam calcular milimetricamente qualquer gesto para evitar desgaste político.

Embraer e Petrobras puxam ganhos; Vale recua

Entre os destaques positivos da Bolsa, Embraer (EMBR3) liderou as altas com salto de 3,76%, beneficiada pela tentativa do governo de retirá-la da lista de produtos atingidos pelas tarifas. O ministro Silvio Costa Filho afirmou que a empresa “pode contar com o apoio máximo do governo”.

Petrobras (PETR4) avançou 1,31%, acompanhando a alta do petróleo no mercado internacional. O movimento também impulsionou outras petroleiras como PRIO (1,18%).

Na outra ponta, a Vale (VALE3) recuou 0,62%, mesmo com o minério de ferro em leve valorização. Grandes bancos oscilaram: Bradesco caiu 0,19% e Santander subiu 0,11%, com os investidores ajustando expectativas para os balanços trimestrais.

Cautela global com juros e balanços nos EUA

Nos Estados Unidos, os principais índices de Wall Street recuaram. Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq caíram entre 0,3% e 0,46%. Analistas atribuíram a queda à incerteza sobre o futuro das negociações comerciais com China e Europa e à expectativa pela decisão do Federal Reserve sobre juros nesta quarta-feira (30).

Enquanto isso, no Brasil, os investidores também aguardam a reunião do Copom, que definirá o novo rumo da taxa Selic. A combinação de tarifas, inflação e juros tem exigido atenção redobrada por parte dos analistas.

Adicionalmente, o mercado acompanha os balanços das big techs americanas, previstos até quinta-feira. Um bom desempenho pode amenizar os riscos e trazer novo impulso às bolsas, inclusive no Brasil.

Balanços e ações pontuais mexem com o Ibovespa

Além dos grandes papéis, ações como C&A (CEAB3) e Vivara (VIVA3) subiram 4,41% e 2,72%, respectivamente, após recomendação positiva de bancos. Assaí (ASAI3) também avançou (0,31%), com a perspectiva de queda na inflação de alimentos.

Na ponta negativa, Magazine Luiza (MGLU3) caiu 2,79% e Pão de Açúcar (PCAR3), 1,99%. O desempenho dos papéis reflete a alta sensibilidade do setor varejista à volatilidade cambial e ao cenário internacional incerto.

O índice de small caps (SMLL) subiu 0,60%, enquanto o IFIX caiu 0,31%, sinalizando que os investidores institucionais seguem priorizando liquidez e empresas de maior porte em meio à incerteza.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.