
- Ibovespa teve leve queda de 0,21% e acumula alta semanal de 0,11%; giro financeiro ficou bem abaixo da média.
- Dólar subiu 0,74% no dia e fechou acima de R$ 5,56; expectativa de tarifas dos EUA elevou tensão.
- Juros futuros avançaram e mostram receio com inflação e cenário político; mercado aposta em cautela.
A sexta-feira (25) foi marcada por aversão ao risco no mercado brasileiro. Assim, o Ibovespa encerrou o pregão em leve queda de 0,21%, aos 133.524 pontos, pressionado por preocupações com o cenário internacional e dados domésticos de inflação. No entanto, mesmo com esse recuo, o índice conseguiu fechar a semana praticamente estável, com ganho acumulado de 0,11%.
Além disso, entre os principais fatores que travaram a bolsa estão a incerteza em torno do tarifaço de 50% prometido por Donald Trump e o IPCA-15 de julho, que veio acima das expectativas. Desse modo, esse duplo sinal de alerta levou investidores a evitarem exposição a ativos de risco no Brasil.
Dólar dispara com tensão externa
O dólar à vista encerrou o dia em alta de 0,74%, cotado a R$ 5,5622. A valorização foi impulsionada pela busca global por proteção diante de potenciais sanções comerciais dos EUA contra o Brasil. Mesmo com a alta diária, a moeda acumulou recuo de 0,45% na semana.
Ademais, no mercado futuro, o contrato para agosto avançou 0,67%, para R$ 5,5670. A proximidade da data prevista para início das tarifas, 1º de agosto, aumentou a procura por hedge cambial, especialmente entre fundos internacionais e grandes exportadoras.
Portanto, com o clima externo mais tenso e nenhuma sinalização de trégua entre os governos de Lula e Trump, o real foi uma das moedas emergentes que mais perderam valor no dia.
Juros futuros sobem com IPCA-15 e incerteza fiscal
Os contratos de juros futuros também subiram nesta sexta-feira. Os principais vencimentos avançaram entre 2 e 4 pontos-base, refletindo a percepção de que o Banco Central pode ter menos espaço para cortes de juros diante da inflação mais persistente.
Além disso, o IPCA-15 de julho acelerou para 0,33%, acima da mediana de 0,30% esperada pelo mercado. Apesar de o número não ser alarmante, ele reforça a leitura de que a inflação ainda não está totalmente sob controle.
Por fim, a tensão política e o risco de retaliação comercial com os EUA adicionaram um componente extra de incerteza ao cenário, elevando os prêmios de risco embutidos na curva de juros.
Volume fraco reforça sinal de cautela
O giro financeiro na B3 foi de apenas R$ 10,5 bilhões, bem abaixo da média de 50 dias, que está em R$ 15,7 bilhões. O baixo volume financeiro indica que muitos investidores preferiram aguardar os desdobramentos da crise comercial com os EUA antes de tomar decisões mais ousadas.
Sendo assim, o comportamento conservador também reflete um ambiente político instável e um calendário de indicadores econômicos relevantes que se aproxima. Ainda há indefinição sobre o que virá do lado fiscal e qual será o tom do Copom na próxima reunião do Copom.
Desse modo, a ausência de fluxo robusto, somada às incertezas externas, tem mantido o Ibovespa sem força para romper resistências técnicas. Por ora, o viés segue de neutralidade com tendência negativa no curto prazo.