Pequena recuperação

Fechamento: Ibovespa respira após tombo, mas incertezas seguem no radar dos investidores

Bolsa brasileira fecha em leve alta puxada por Petrobras e bancos, enquanto Nova York continua sem fôlego e Trump pressiona o Fed.

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Fechamento: Ibovespa respira após tombo, mas incertezas seguem no radar dos investidores
  • Ibovespa subiu 0,17% puxado por Petrobras e bancos após queda acentuada da véspera
  • Trump voltou a atacar o Federal Reserve e elevou incerteza sobre política monetária nos EUA
  • Bolsas internacionais seguem instáveis, enquanto destaque no Brasil foi alta bilionária da Simpar

O Ibovespa registrou nesta quarta-feira (20) uma pequena recuperação, depois da forte queda da véspera. O índice subiu 0,17%, aos 134.666 pontos, em um movimento mais técnico do que de confiança. O alívio veio do desempenho de Petrobras e de parte dos bancos, que ajudaram a conter o pessimismo.

O dólar também se acomodou, recuando 0,48% e voltando a R$ 5,47, enquanto os juros futuros caíram por toda a curva. Apesar disso, o ambiente segue frágil, já que a relação entre Brasil e Estados Unidos continua marcada por ruídos diplomáticos e econômicos.

Bolsa busca correção após perdas

O ganho do dia foi interpretado como uma correção, e não como um sinal de mudança de cenário. O choque causado pela decisão do STF em relação às sanções dos EUA ainda pesa sobre os investidores. Na terça-feira (19), a Bolsa havia derretido quase 3 mil pontos.

O ministro Alexandre de Moraes, em entrevista à Reuters, reconheceu que a situação do setor bancário é delicada. Segundo ele, a aplicação da lei americana só teria validade no Brasil se fosse validada internamente, por meio de processo legal. A fala ajudou a reduzir parte da tensão.

Os bancos reagiram de forma moderada: Banco do Brasil avançou 0,30%, Bradesco subiu 0,32%, Itaú ganhou 0,06% e Santander destoou com alta de 2,08%. Petrobras, favorecida pela alta do petróleo, teve valorização de 0,60% e ajudou a sustentar o índice.

Ainda assim, a instabilidade internacional e os riscos políticos internos limitam o apetite dos investidores. A percepção é que a correção pode ser passageira, já que o ambiente externo segue carregado.

Trump mira o Federal Reserve

Nos Estados Unidos, Donald Trump voltou a pressionar o Federal Reserve, pedindo inclusive a renúncia de uma diretora do banco central. A crítica ocorreu no mesmo dia em que a instituição divulgou a ata de sua última reunião, sem grandes novidades.

Em sua rede social, o ex-presidente acusou Jerome Powell de prejudicar o setor imobiliário, já que, segundo ele, os americanos não conseguem mais acesso a hipotecas. Trump defendeu que não há inflação e que o cenário exige cortes imediatos nos juros.

A fala acontece às vésperas do simpósio anual de Jackson Hole, onde Powell deve apresentar sinais sobre o futuro da política monetária americana. O evento, tradicionalmente, influencia mercados globais e pode aumentar a volatilidade nos próximos dias.

Esse embate entre Trump e o Fed adiciona pressão a um ambiente já instável, com investidores buscando clareza sobre o rumo da economia americana.

Bolsas internacionais e cenário local

Em Nova York, os principais índices fecharam sem força: Nasdaq e S&P 500 recuaram, enquanto o Dow Jones oscilou sem direção firme. O déficit público projetado em US$ 1 trilhão para a próxima década continua a preocupar analistas e impede uma recuperação consistente.

Na Europa, o dia foi de alta, sustentado por dados de inflação dentro da meta do Banco Central Europeu. O núcleo, no entanto, segue elevado, o que mantém a cautela no mercado regional.

A China manteve suas taxas de juros estáveis e reforçou compras de soja brasileira, reduzindo aquisições dos EUA. Além disso, Pequim sinalizou maior aproximação com a Índia, em resposta às tarifas impostas por Washington.

No Brasil, além do respiro do Ibovespa, chamou atenção a disparada de 10,05% nas ações da Simpar (SIMH3), após a venda bilionária de uma controlada. Já Vale caiu 0,45% com o recuo do minério de ferro, e frigoríficos seguiram pressionados pela indefinição no Cade sobre a fusão entre BRF e Marfrig.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.