Tranquilidade momentânea

Fechamento: Ibovespa sobe pela 3ª vez e mercado ignora tarifaço de Trump

Com ajuda de Itaú e alta histórica da RD, Bolsa brasileira avança mesmo com queda da Vale e tensões comerciais.

Apoio

Fechamento: Ibovespa sobe pela 3ª vez e mercado ignora tarifaço de Trump
  • Ibovespa emenda terceira alta, com apoio de balanços fortes e queda do dólar.
  • RADL3 dispara 18,6% e ITUB4 sobe com lucro acima do esperado; Vale pressiona, mas não freia avanço.
  • Lula evita contato com Trump, cita apoio ao STF e fala em articulação dos Brics para reagir às tarifas.

O Ibovespa contrariou expectativas e subiu novamente nesta quarta-feira (6), ignorando, ao menos por enquanto, o impacto das tarifas de importação dos EUA, que passaram a valer hoje. Com forte impulso de balanços corporativos, especialmente de Itaú e RD, o índice avançou 1,04%, aos 134.537,62 pontos, um ganho de 1.386,32 pontos e a terceira alta seguida.

Ao mesmo tempo, o dólar recuou pela quarta sessão consecutiva, fechando em queda de 0,78%, cotado a R$ 5,463, o menor valor desde 8 de julho. A curva de juros também caiu, reforçando o apetite por risco em meio à temporada de balanços e algum alívio no exterior.

Itaú se destaca e puxa os bancos

O grande nome do dia foi o Itaú Unibanco (ITUB4), que apresentou um resultado sólido no 2T25 e viu suas ações subirem 1,26%. O lucro superou em 1,5% a estimativa da XP Investimentos, sustentado por expansão de crédito, maior receita com tarifas e eficiência operacional. O retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) consolidado atingiu 23,3%, o que reforçou recomendações de compra por parte dos analistas.

Outros bancos também acompanharam a tendência positiva. O Banco do Brasil (BBAS3) avançou 0,43%, enquanto o Santander (SANB11) ganhou 0,73%. A exceção foi o Bradesco (BBDC4), que caiu 0,13% após um desempenho instável ao longo do pregão.

Já a Vale (VALE3), que costuma ter forte peso sobre o índice, caiu 0,63%, pressionada pela desvalorização do minério de ferro. Ainda assim, seu recuo não impediu a valorização da Bolsa, dado o bom desempenho do setor financeiro.

RD voa e GPA afunda

Entre os destaques do dia, a RD (RADL3) brilhou. As ações dispararam 18,67% após a divulgação de um balanço considerado resiliente e adaptável a um ambiente competitivo desafiador. A leitura do mercado foi a de que a companhia ainda consegue crescer mesmo em um cenário mais apertado.

Na contramão, o GPA (PCAR3) despencou 10,36%. Apesar de melhorias no Ebitda, a elevada alavancagem financeira freou o entusiasmo dos investidores. Outro destaque negativo foi a PRIO (PRIO3), que caiu 2,04% após resultado trimestral fraco e nova queda no petróleo.

A Brava Energia (BRAV3), mesmo com notícia positiva sobre antecipação de recebíveis, também caiu 1,87%. Segundo a XP, a operação trará US$ 260 milhões em caixa e cerca de US$ 40 milhões em créditos fiscais.

Política externa em segundo plano

No campo político, o presidente Lula afirmou que não pretende conversar diretamente com Donald Trump, mesmo após o início do tarifaço. Segundo ele, os Brics farão articulações conjuntas, e haverá diálogo com os líderes da China e da Índia. “Não vou me humilhar”, declarou Lula em entrevista à Reuters, ao reforçar seu apoio ao STF.

O governo brasileiro acionou formalmente a OMC contra os EUA, mas a medida é considerada mais simbólica do que prática. Ainda assim, a China se manifestou em apoio ao Brasil. Nos bastidores, exportadores, como os do setor cafeeiro, pressionam por medidas compensatórias.

Na agenda econômica, o Banco Central também defendeu a manutenção do PIX sob controle da autoridade monetária, com o presidente Gabriel Galípolo classificando a ferramenta como estratégica. A resposta vem após críticas de Washington em relação à concorrência digital brasileira.

Wall Street e próximas expectativas

Nos EUA, o clima também foi de alívio. Os principais índices de Wall Street subiram com base em bons balanços, como o do McDonald’s, ajudando a reduzir o peso das tensões comerciais. Isso contribuiu para o otimismo dos investidores em mercados emergentes, como o brasileiro.

Apesar de alguns papéis ainda sentirem os efeitos das tarifas, como Embraer (EMBR3), que caiu 0,94%, o mercado segue focado nos resultados corporativos. A expectativa gira em torno dos dados de inflação no Brasil, com divulgação do IGP-DI e preços ao produtor nesta quarta (7).

Enquanto isso, Cogna (COGN3) e Yduqs (YDUQ3) seguem entre as favoritas dos investidores no setor educacional, com altas de 1,81% e 1,29%, respectivamente. Cogna divulga resultados após o fechamento de hoje.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.