
- Recuperação em Wall Street e expectativa de corte de juros nos EUA animam os mercados
- Ações da Vale e de bancos sustentam alta do Ibovespa, mas Petrobras pesa negativamente
- Dólar recua com menor aversão ao risco e perspectiva de diálogo entre Lula e Trump
O Ibovespa iniciou a semana em alta, subindo 0,40% nesta segunda-feira (4), aos 132.971,20 pontos, com apoio da recuperação nas bolsas de Nova York e valorização de ações ligadas a commodities e bancos. O movimento ajudou a interromper uma sequência de quatro semanas consecutivas de perdas.
Mesmo com baixa liquidez e incertezas no cenário doméstico, investidores demonstraram maior apetite por risco. Ajudaram nessa melhora o avanço do minério de ferro, a queda do dólar abaixo de R$ 5,51 e a expectativa de que o Federal Reserve possa cortar juros em setembro.
Bolsas globais puxam alívio nos mercados
Os principais índices de Nova York encerraram o dia com altas superiores a 1%, revertendo parte das perdas da última sexta-feira, quando o payroll fraco nos EUA acendeu alertas. O dado, que mostrou desaceleração no emprego, aumentou a chance de cortes de juros mais cedo que o esperado.
Combinado à inflação ainda resistente, o mercado passou a considerar que o Federal Reserve pode agir já na próxima reunião. A saída da diretora Adriana Kugler fortaleceu esse cenário, já que Trump deve indicar um nome favorável à flexibilização monetária.
O alívio nos EUA refletiu diretamente nos ativos brasileiros. O dólar comercial caiu 0,69%, para R$ 5,507, enquanto os juros futuros recuaram ao longo de toda a curva. Analistas reforçaram que o momento ainda é volátil, mas o sentimento mudou.
“Combinamos dados estagflacionários e um fim de temporada de balanços misto, o que levou investidores a reavaliar riscos e prazos”, destacou Adam Crisafulli, da Vital Knowledge. A declaração reforça que a reprecificação global ainda está em curso.
Vale e bancos sustentam alta do índice
O destaque positivo do pregão foi a Vale (VALE3), que subiu 0,80% com o minério em alta. O desempenho da mineradora foi essencial para manter o Ibovespa no azul, diante da pressão de papéis como Petrobras. Os grandes bancos também ajudaram.
Sendo assim, o Banco do Brasil (BBAS3) avançou 2,08%, mesmo com expectativa de lucro mais fraco no segundo trimestre. Bradesco (BBDC4) e Itaú (ITUB4) também fecharam em alta, com 0,75% e 1,06%, respectivamente. A melhora do ambiente externo favoreceu o setor financeiro.
Além disso, a Embraer (EMBR3) subiu 1,20%, impulsionada pela exclusão de tarifas dos EUA. A empresa divulga resultados nesta terça-feira. Já a Petrobras (PETR4) caiu 0,16%, pressionada pela queda do petróleo Brent e WTI, afetando também outras petroleiras, como Brava (BRAV3), que recuou 1,08%.
No varejo, oscilação marcou o dia. Lojas Renner (LREN3) subiu 2,30%, enquanto Magazine Luiza (MGLU3) caiu 0,55%. Desse modo, a expectativa com os balanços do setor, previstos para sexta-feira (8), movimentou os papéis de forma divergente.
Cenário político e agenda aquecem os próximos dias
Além do ambiente externo, os investidores seguem atentos à tensão comercial entre Brasil e Estados Unidos. As tarifas de 50% anunciadas por Donald Trump entram oficialmente em vigor nesta semana, apesar das tentativas de negociação ainda em curso.
Além disso, o governo brasileiro aguarda o “momento certo” para que Lula converse com Trump. Segundo Celso Amorim, assessor especial da Presidência, o presidente está disposto a dialogar, mas quer garantir um ambiente propício para uma boa negociação.
Ademais, na agenda econômica, a ata do Copom será divulgada nesta terça-feira. O documento trará os bastidores da decisão de manter a Selic em 15% e poderá indicar por quanto tempo os juros seguirão nesse patamar, em meio à inflação ainda elevada.
Por fim, o mercado também acompanha os dados do Caged, que apontaram a criação de 166.621 vagas formais em junho, e o Boletim Focus, que trouxe a décima queda seguida na projeção de inflação para 2025, agora em 5,07%. Isso mantém o IPCA acima da meta.