
- Ibovespa oscilou e fechou em queda de 0,12%
- Política interna e expectativa por Powell dominaram o mercado
- Vale e Petrobras foram destaques positivos, enquanto bancos sofreram
O Ibovespa voltou a mostrar fraqueza nesta quinta-feira (21), terminando mais uma vez perto da estabilidade, em queda leve de 0,12%, aos 134.510 pontos. O movimento reflete a combinação de fatores internos e externos. No Brasil, os ruídos políticos pesam. No cenário internacional, há cautela antes do discurso de Jerome Powell em Jackson Hole.
Enquanto isso, o dólar subiu 0,09% e fechou em R$ 5,47, também após um dia de forte volatilidade. Juros futuros seguiram a mesma lógica e encerraram em alta por toda a curva, em linha com a percepção de que os próximos dias podem definir o rumo dos ativos.
Política e ruídos no Brasil
O noticiário político voltou a pesar sobre os negócios. A Polícia Federal divulgou provas contra Jair Bolsonaro e seu filho Eduardo em suposta tentativa de articulação com o governo Trump para impor sanções ao Brasil. O episódio adicionou instabilidade ao cenário local, em um momento em que o Planalto busca consolidar apoio no Congresso.
Em paralelo, pesquisa Genial/Quaest mostrou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva lidera com folga todos os cenários de segundo turno em 2026. Assim, a notícia foi lida como um reforço da posição política do governo, mas também aumenta a percepção de embate prolongado com a oposição.
Na Câmara, deputados aprovaram urgência ao projeto que amplia a faixa de isenção do Imposto de Renda para até R$ 5 mil. A votação do mérito, porém, ainda não tem data definida, o que reforça o clima de expectativa em Brasília.
Economia real e arrecadação
No campo econômico, a arrecadação federal surpreendeu positivamente. Em julho, o governo recolheu R$ 254,2 bilhões, recorde para o mês e alta de 4,57% frente a 2024. O avanço do IOF foi determinante para o resultado, após meses de controvérsia sobre o imposto.
O consumo nos lares brasileiros também cresceu 4% em julho, segundo a Abras, sustentado por aumento da renda, menor desemprego e programas sociais. Ainda assim, indicadores da CNC apontaram queda na intenção de consumo entre famílias de baixa e alta renda em agosto, mostrando que a confiança permanece dividida.
Esse contraste reforça a leitura de que, embora a economia mostre sinais de resiliência, os próximos meses devem ser de oscilação entre estímulos governamentais e incertezas políticas.
Powell e cenário internacional
No exterior, os olhos se voltam para o simpósio anual de Jackson Hole. O presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, fala nesta sexta-feira e pode dar pistas sobre o futuro da política monetária nos Estados Unidos.
A expectativa de que o Fed sinalize cortes graduais ou mantenha o tom conservador mexeu com Wall Street, que fechou em queda nesta quinta, em meio a baixo volume de negócios. Na Europa, a prudência foi semelhante, mesmo após o anúncio de acordo tarifário com os EUA.
Com o aumento nos pedidos de seguro-desemprego nos EUA, o mercado global entrou em compasso de espera, reforçando o peso que a fala de Powell terá sobre bolsas e moedas.
Destaques da Bolsa
No pregão brasileiro, as blue chips ligadas a commodities foram destaque positivo. Vale (VALE3) subiu 0,85% impulsionada pela valorização do minério de ferro na China, enquanto Petrobras (PETR4) avançou 0,23% em meio à alta do petróleo internacional e expectativa sobre mudanças no conselho da estatal.
O setor bancário, por outro lado, voltou a sentir a pressão da Lei Magnitsky, com o Banco do Brasil (BBAS3) caindo 0,86% após rumores de bloqueio de cartão do ministro Alexandre de Moraes. Bradesco (BBDC4) recuou 0,32%, enquanto Itaú (ITUB4) teve leve alta de 0,11% e Santander (SANB11) ganhou 0,08%.
Entre os varejistas, o desempenho foi misto: Magazine Luiza (MGLU3) ficou estável, Renner (LREN3) caiu 1,72% e Hapvida (HAPV3) perdeu 1,84%, apesar de projeções otimistas.