
- Ibovespa sobe 0,56% e volta aos 142 mil pontos após a ata do Fed animar os mercados.
- Vale e B3 lideram ganhos, enquanto Petrobras e bancos têm desempenho misto.
- Investidores aguardam o IPCA, que pode redefinir apostas para a política monetária.
O Ibovespa encerrou esta quarta-feira (8) em alta de 0,56%, aos 142.145,38 pontos, uma recuperação modesta após o tombo de ontem, quando caiu 1,57%. Ganhos em Vale (VALE3) e B3 (B3SA3), além de um movimento positivo em Wall Street após a ata do Federal Reserve (Fed), impulsionaram o avanço.
O cenário externo ajudou a reduzir a tensão dos últimos pregões. Mesmo com o dólar praticamente estável, a percepção de que o Fed pode moderar o tom sobre juros animou os investidores, trazendo algum alívio a um mercado que vinha pressionado por preocupações fiscais e incertezas políticas no Brasil.
Alívio nos EUA e reflexos no Brasil
Nos Estados Unidos, os principais índices encerraram em terreno positivo após a divulgação da ata do Fed, que indicou uma postura mais neutra de parte das autoridades. O S&P 500 subiu com o apoio de empresas de tecnologia, enquanto a Nasdaq avançou com destaque para Nvidia.
O documento revelou que a maioria dos participantes considerou apropriado ajustar a taxa básica de juros para uma posição mais neutra, sinalizando menor preocupação imediata com a inflação. Essa leitura reduziu a aversão ao risco global e sustentou os ativos emergentes.
No Brasil, investidores acompanharam a queda dos juros futuros (DIs) e a leve desvalorização do dólar comercial, que fechou o dia cotado a R$ 5,35. O alívio, contudo, ainda é pontual, já que as incertezas fiscais continuam a limitar o avanço dos preços dos ativos.
Política fiscal e ruídos em Brasília
Enquanto o exterior ajudou, o ambiente político interno continuou a pesar. O governo voltou a culpar o Congresso Nacional por travar a agenda econômica e reacender pautas que ampliam o gasto público. A PEC da aposentadoria integral para agentes de saúde, aprovada pela Câmara, pode gerar impacto de até R$ 11 bilhões anuais.
A equipe econômica também enfrenta resistência à aprovação da MP 1.303, criada como alternativa ao aumento do IOF. Assim, a dificuldade de articulação política pressiona o governo, que busca soluções para manter o equilíbrio fiscal.
Apesar das críticas, Lula mantém ligeira melhora nas pesquisas de popularidade, mas a confiança do mercado segue fragilizada. Desse modo, o investidor continua em compasso de espera, avaliando se o governo conseguirá entregar estabilidade fiscal sem sacrificar programas sociais e investimentos.
Ações em destaque e cenário corporativo
Entre as ações, Vale (VALE3) subiu 0,65%, enquanto Petrobras (PETR4) caiu 0,88% após novo anúncio de investimentos na Bahia. O setor financeiro teve desempenho misto: Bradesco (BBDC4) avançou 1,67%, B3 (B3SA3) disparou 3,35%, e Itaú (ITUB4) recuou 0,13%.
Entre as maiores quedas do dia, Ambipar (AMBP3) voltou a despencar, perdendo 4,23% com expectativa de pedido de recuperação judicial. Além disso, no lado positivo, Desktop (DESK3) saltou 7,7% após confirmar conversas com a Claro, e Méliuz (CASH3) ganhou 4,48% com o anúncio de recompra de ações.
No exterior, o petróleo manteve estabilidade, e o setor de commodities teve desempenho irregular. Por fim, a Sabesp (SBSP3) caiu 0,92%, mesmo após sinalizar novos movimentos de consolidação pós-privatização.
Expectativas para o próximo pregão
O foco agora se volta para o IPCA de setembro, que será divulgado nesta quinta-feira (9). O mercado projeta alta de 0,52% no mês e inflação acumulada de 5,22% em 12 meses, indicando possível retomada da pressão inflacionária após o mês anterior registrar deflação.
Ademais, analistas avaliam que o resultado pode alterar as apostas para a trajetória da Selic, atualmente em 15% ao ano, e influenciar diretamente o comportamento do câmbio e da curva de juros.
Portanto, se o dado vier acima do esperado, o mercado pode voltar a precificar alta dos juros e o alívio desta quarta pode durar pouco.