
- Ibovespa sobe 1,05%, retomando os 134 mil pontos com ajuda da Vale e commodities.
- Moeda americana recua a R$ 5,56 com alívio externo e falas de Haddad.
- Investidores seguem atentos a tarifas de Trump e negociações comerciais com os EUA.
O Ibovespa retomou os 134 mil pontos nesta segunda-feira (21), embalado pela valorização das ações da Vale (VALE3) e pelo alívio no dólar. Nesse sentido, o principal índice da Bolsa brasileira avançou 1,05%, aos 134.500 pontos, puxado por commodities e apoio externo.
Desse modo, a recuperação ocorre em meio à volatilidade dos mercados internacionais e ao risco ainda presente de retaliações comerciais por parte dos Estados Unidos. Portanto, mesmo com o cenário tenso, investidores voltaram às compras após um início de julho marcado por forte saída de capital estrangeiro.
VALE3 dispara e lidera ganhos com minério em alta
A ação da Vale subiu 3%, acompanhando o avanço do minério de ferro no exterior. Em Cingapura, o contrato futuro da commodity subiu 3,07%, sendo negociado a US$ 103,90 por tonelada. Já na Bolsa de Dalian, o contrato para setembro valorizou 2,08%, enquanto o de janeiro de 2026 teve alta de 2,31%.
Ademais, o movimento se deve à decisão do Banco do Povo da China de manter as taxas de juros de referência inalteradas pelo segundo mês seguido. A taxa de 1 ano permanece em 3% e a de 5 anos, em 3,5%. A estabilidade monetária, somada a expectativas de estímulo econômico, deu fôlego ao setor de commodities metálicas.
Além da Vale, outras ações ligadas ao minério e ao aço também subiram. CSN Mineração (CMIN3) disparou 5,56%, enquanto Usiminas (USIM5), Gerdau (GGBR4) e Bradespar (BRAP4) avançaram 3,32%, 3,91% e 3,64%, respectivamente.
A expectativa pela prévia operacional da Vale, que será divulgada nesta terça-feira (22), também elevou o apetite por papéis da mineradora. Por fim, analistas estimam crescimento de 2% na produção trimestral e sinalizam que o Ebitda pode chegar a US$ 3,2 bilhões, mesmo com queda no preço realizado da commodity.
Dólar recua com exterior e Haddad prega cautela
O dólar comercial terminou o dia em queda de 0,41%, cotado a R$ 5,565, acompanhando o recuo global da moeda americana. O índice DXY, que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de moedas, caiu 0,57%, fechando em 97,90 pontos.
Sendo assim, parte da desvalorização está relacionada à melhora nos dados da economia chinesa e à expectativa por estímulos. No entanto, no cenário doméstico, as declarações do ministro Fernando Haddad também contribuíram para amenizar a pressão cambial.
Além disso, em entrevista à Rádio CBN, Haddad afirmou que o Brasil não pretende retaliar os EUA, apesar das tarifas de 50% impostas por Donald Trump. Segundo o ministro, o governo estuda medidas alternativas e trabalha por “unidade e interesse nacional”. Ele admitiu que é possível chegar em agosto sem resposta concreta dos americanos.
Portanto, outro fator que influenciou o câmbio foi a queda nas expectativas de inflação, segundo o Boletim Focus. A projeção para o IPCA de 2026 recuou de 4,50% para 4,45%, ficando abaixo do teto da meta pela primeira vez desde março. Esse dado ajuda a reduzir apostas em alta de juros, o que também favorece o real.
Balanços nos EUA e tensões comerciais seguem no radar
No exterior, o dia foi de expectativa com a temporada de balanços. Nos Estados Unidos, a Verizon reportou lucro líquido de US$ 5,1 bilhões no 2T25, com resultado acima do esperado. O lucro por ação foi de US$ 1,22, superando as projeções de US$ 1,19.
Já na Europa, o clima é de cautela. A montadora Stellantis registrou prejuízo de 2,3 bilhões de euros no primeiro semestre, impactada pelas tarifas comerciais. O dado reforça que os efeitos das medidas de Trump já são sentidos em grandes grupos internacionais.
Enquanto isso, o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, afirmou que as negociações comerciais com o Brasil estão avançando, mas que o foco será na qualidade dos acordos, não na velocidade. Segundo ele, “não vamos nos apressar”.
Portanto, o mercado segue sensível às manchetes envolvendo tarifas. Qualquer sinal de endurecimento por parte de Washington pode reverter o atual alívio observado no câmbio e nas ações exportadoras.