Sistema financeiro

FGC alerta: rombo no caso Master pode explodir para R$ 49 bi e pressionar sistema

Estimativa inicial de R$ 41 bilhões pode subir se mais uma unidade do grupo for liquidada.

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Foto: Divulgação/FGC
Foto: Divulgação/FGC
  • FGC pode antecipar até cinco anos de contribuições dos bancos para recompor reservas.
  • Desembolso do FGC pode atingir R$ 49 bilhões caso o Master Múltiplo também seja liquidado.
  • Pagamentos aos investidores devem começar em cerca de 30 dias e podem durar três meses.

O Fundo Garantidor de Créditos (FGC) colocou o mercado em alerta ao revelar que o desembolso relacionado à liquidação das instituições do Grupo Master pode chegar a R$ 49 bilhões, caso o Banco Master Múltiplo, controlador do Will Bank, também entre em liquidação. O valor atual estimado é de R$ 41 bilhões, o maior da história do fundo.

Segundo o presidente do FGC, Daniel Lima, a diferença depende do resultado do regime de administração temporária instalado no Master Múltiplo. Se não houver recuperação, a liquidação elevará ainda mais o impacto financeiro, consumindo parte relevante da reserva de liquidez de R$ 122 bilhões acumulada pelo fundo.

Maior desembolso em 30 anos coloca pressão sobre o sistema

Daniel Lima destacou que esta será a maior cobertura já realizada pelo FGC desde sua criação no formato atual. Como comparação, apenas a quebra do Bamerindus nos anos 1990 teve porte semelhante após ajustes inflacionários, embora o sistema financeiro fosse muito diferente naquela época.

A cobertura atual envolve quatro entidades: Banco Master, Banco Master de Investimento, Banco Lestsbank e Master Corretora de Câmbio, todas já em liquidação extrajudicial. O fundo utilizará parte de seu colchão para impedir risco sistêmico e garantir pagamentos aos depositantes elegíveis.

Ainda assim, o FGC afirma que está preparado para cumprir as garantias, reforçando que já enfrentou 40 episódios semelhantes ao longo das últimas três décadas. Este é o 41º caso, e o fundo considera que sairá “ainda mais confiante” após o processo.

Pagamentos podem começar em 30 dias e se estender por três meses

Os pagamentos aos investidores devem começar em cerca de 30 dias, prazo que pode variar conforme a entrega da lista oficial de elegíveis pelo interventor. O FGC não controla o tempo dessa etapa, mas ressalta que o processo precisa ser iniciado imediatamente após a decretação da liquidação.

Nos casos anteriores, 90% dos investidores solicitaram cobertura dentro de um período de três meses. A expectativa é que o ritmo seja semelhante desta vez, ainda que o volume envolvido seja muito maior.

O valor final das coberturas pode variar conforme o cruzamento dos CPFs e a verificação dos saldos. O FGC trabalha hoje apenas com informações consolidadas apresentadas previamente pelas instituições, mas o montante definitivo depende do refinamento feito pela intervenção.

Contribuições extras dos bancos podem ser antecipadas

Diante do impacto bilionário, o FGC prevê iniciar ainda neste ano discussões sobre a recomposição do fundo de liquidez. As regras internas permitem antecipar até cinco anos de contribuições dos bancos associados, caso seja necessário.

Lima argumenta que o episódio poderá gerar melhorias estruturais no funcionamento do FGC, especialmente na prevenção de novos riscos sistêmicos. Segundo ele, o momento agora é focar no ressarcimento aos investidores e, posteriormente, avaliar ajustes no modelo.

A recomposição ainda não está definida, pois depende do tamanho final do desembolso, que só será conhecido após a conclusão dos cálculos das coberturas.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.