
- Especialistas veem 2026 positivo, com recuperação do agro e continuidade do fluxo para fundos de crédito.
- Fiagros lideram os ganhos de 2025, com altas entre 29,9% e 51,1%.
- Rendimento elevado e isenção fiscal impulsionam a demanda, especialmente após nova tributação sobre dividendos.
Os Fiagros deixaram para trás o turbulento 2024 e voltaram ao centro das atenções em 2025, com desempenhos que chegam a superar 50% no ano, segundo a Quantum Finance. A forte recuperação ocorre após o setor sofrer com calotes, estresse de crédito e perdas generalizadas no ano anterior.
Agora, com preços estabilizados, dívidas reorganizadas e expectativa de queda da Selic, os fundos ligados às cadeias agroindustriais retomaram o interesse dos investidores, que buscam alternativas isentas de imposto e com alto rendimento.
Fiagros disparam após reconstrução do mercado
Os maiores retornos entre janeiro e outubro vieram exclusivamente de Fiagros de crédito, especializados na compra de recebíveis do agronegócio. Os ganhos variam entre 29,9% e 51,1%, impulsionados por operações estruturadas, CRAs e dívidas agrícolas. Esse grupo de ativos assumiu a liderança absoluta no ranking anual.
A recuperação acontece após o mercado precificar com excesso de pessimismo os efeitos da crise de empresas relevantes do setor em 2024. Na ocasião, quase todos os fundos sofreram com desvalorizações acentuadas. No entanto, muitas carteiras possuíam ativos sólidos, o que abriu espaço para uma retomada rápida ao longo deste ano.
A reação também foi fortalecida pela busca crescente por instrumentos isentos de IR, sobretudo após a nova tributação sobre dividendos. Assim, os investidores passaram a enxergar maior atratividade nos fundos de crédito ligados ao agronegócio, que entregam rendimentos consistentes mesmo com juros elevados.
Desempenhos de outubro reforçam mudança de tendência
Em outubro, dois fundos imobiliários rurais entraram no ranking dos maiores ganhos mensais: Suno Fazendas (SNFZ11) e Suno Responsabilidade Limitada (SNAG11). Ambos têm forte exposição a terras e mostraram alta expressiva no mês, reforçando a diversificação do movimento positivo no setor.
A inclusão desses fundos indica que o descolamento entre ganhos de curto e longo prazo se intensifica. Enquanto os Fiagros de crédito dominam o acumulado do ano, veículos com foco imobiliário passaram a capturar o interesse dos investidores em um cenário mais equilibrado para o agronegócio.
Para a Quantum Finance, outubro marcou um ponto de inflexão, já que os dados mostram uma mudança estrutural no comportamento das carteiras e dos fluxos de capital voltados ao agro.
Crise ficou para trás e rendimento agora puxa a recuperação
O setor sofreu pressões relevantes desde a safra 2023/2024, quando a queda das commodities e a recuperação judicial de grandes empresas, como a Agrogalaxi, abalaram o mercado. O impacto espalhou medo entre os investidores e levou a uma queda generalizada nas cotas, inclusive de fundos com pouca exposição ao problema.
Neste ano, porém, os preços estabilizaram. As empresas reorganizaram dívidas e os fundos absorveram as perdas mais duras. A liquidez continua limitada, mas o rendimento atrativo compensou parte desse risco, devolvendo confiança ao investidor. Assim, o mercado passou a recuperar valor com maior consistência.
Além disso, a expectativa de corte da Selic no próximo ano sustenta o otimismo. A normalização das margens das empresas do setor e a retomada do pagamento de dividendos fortalecem ainda mais a percepção de que o pior ciclo já ficou para trás.
Especialistas apontam continuidade no movimento de alta
Para Guilherme Grahl, gestor da Valora Investimentos, a recuperação veio do ajuste natural das carteiras, que estavam descontadas demais. Ele destaca que operações com CDI + 3% e garantias robustas entregaram forte geração de juros ao longo do ano, o que impulsionou a valorização dos fundos de crédito, como o Valora CRA, que acumula alta de 33,4%.
Já José Daronco, da Suno Asset, afirma que o mercado exagerou no pessimismo em 2024. Embora alguns fundos tenham enfrentado inadimplência, a maioria não tinha grandes problemas estruturais. Com o tempo, o rendimento se impôs e derrubou o medo de novos calotes, atraindo mais investidores.
Para 2026, ambos destacam que o cenário tende a ser mais positivo, com melhora do fluxo de caixa das empresas, safra mais forte e retomada de captações. Os gestores afirmam que ainda há espaço para ganhos relevantes, principalmente em fundos com rendimentos mensais líquidos acima de 1%, fora do alcance dos títulos tradicionais.