
- Utilities assumem o protagonismo na B3, superando até os bancões em 2025
- Sabesp, Eletrobras e Equatorial estão entre os destaques de alta no ano
- Analistas alertam que papéis já estão caros e exigem seleção cuidadosa
O brilho que antes estava concentrado nos grandes bancos começa a migrar para outro setor: as utilities, empresas de energia, saneamento e infraestrutura. Nos últimos meses, esses papéis roubaram o protagonismo das carteiras recomendadas e passaram a entregar retornos até maiores do que os bancões.
A alta, porém, traz também um sinal amarelo. Com a valorização acelerada, alguns papéis já apresentam múltiplos elevados, o que exige mais cautela na escolha. Analistas alertam: não é hora de entrar em qualquer empresa, mas sim de selecionar a dedo onde ainda existe potencial.
Utilities no centro do palco
O índice UTIL, que reúne essas companhias na B3, subiu 36,99% em 2025 até 10 de setembro, quase o dobro do Ibovespa no mesmo período. Em 12 meses, a valorização foi de 18,53%, com volatilidade mais baixa que a média da bolsa.
Entre os destaques, Sabesp (SBSP3) subiu 45% no ano, Eletrobras (ELET3) avançou 42% e Equatorial (EQTL3) cresceu 36%. Mesmo empresas menores, como Serena (SRNA3), registraram ganhos acima de 120%.
O movimento reforça a visão de que, assim como os bancos, as utilities entregam receitas estáveis e dividendos consistentes. Só que, agora, com desempenho superior.
Comparação com os bancões
Enquanto isso, o índice IFNC, que mede o setor financeiro, subiu 32,10% em 2025. Embora o retorno seja alto, fica abaixo das utilities, e a volatilidade foi maior no mesmo período.
Papéis como Itaú (ITUB4) e Bradesco (BBDC4) ainda são vistos como confiáveis, mas a rentabilidade mais modesta reduziu o brilho. Analistas destacam que os bancos enfrentam inadimplência mais alta e margens pressionadas pela concorrência das fintechs.
Assim, o que antes era considerado um porto seguro absoluto passou a dividir espaço com outro setor, que se beneficia de demanda perene e menor risco regulatório.
O alerta dos especialistas
Apesar da disparada, nem tudo é festa. Analistas afirmam que, com a alta recente, muitos papéis já encareceram. O indicador P/L (Preço/Lucro) mostra que oito empresas do UTIL já estão acima de 12 vezes, o que indica preços mais salgados.
Para a XP, há oportunidades ainda em Sabesp, Eletrobras e Copel, mas o espaço para uma alta generalizada diminuiu. Já a Eleven prefere nomes mais seletivos, como Energisa, Taesa e ISA Cteep.
A recomendação geral é clara: utilities seguem defensivas, mas a fase de ganhos fáceis já passou. O investidor precisa de critério e paciência para não entrar em ações já caras demais.