Bolsa em alta

Finalmente o gringo está voltando para a bolsa brasileira?

A política de Trump nos EUA tá gerando dúvidas e fazendo alguns gringos cogitarem o Brasil. Um ETF brasileiro até subiu lá fora pela 1ª vez em 4 anos! Mas segura a empolgação: a Bolsa brasileira (B3) ainda viu uma fuga de R$ 5 bi em abril.

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economia moeda real 02
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O cenário internacional anda agitado, e as políticas do governo Trump nos Estados Unidos estão no centro das atenções – e das preocupações – de muitos investidores globais. Essa incerteza gerada em Washington tem levado muitos a repensar se o mercado americano continua sendo a bola da vez. E sabe quem pode acabar se beneficiando disso? Mercados como Europa, Japão e, quem diria, até mesmo o Brasil, que podem acabar “herdando” parte do dinheiro que talvez deixe de ir para os EUA.

Um pequeno sinal, mas simbolicamente importante, já apareceu. Pela primeira vez em quatro longos anos, aumentou o número de cotas do EWZ na Bolsa de Nova York (NYSE). O EWZ, para quem não conhece, é o principal “pacotão” de ações brasileiras negociado lá fora, um termômetro do interesse estrangeiro no nosso mercado.

Calma, não solte fogos ainda. O aumento foi bem pequeno, quase marginal. O total de cotas do EWZ ainda está em um dos níveis mais baixos desde 2016, época da crise do governo Dilma. Mesmo assim, o fato de ter havido um aumento, por menor que seja, mostra que a demanda por esse ETF cresceu um pouquinho, o que obrigou os gestores do fundo a comprar mais ações brasileiras para montar o “pacote”.

“Há investidores olhando seletivamente para os mercados emergentes e escolhendo o Brasil,” confirma Christian Keleti, sócio da gestora AlphaKey. Ele aponta um fator interessante: a América Latina, incluindo o Brasil, foi menos impactada diretamente (pelo menos por enquanto) pela guerra de tarifas promovida por Trump, em comparação com outros mercados emergentes, como os da Ásia.

Nesse jogo de xadrez global, o Brasil ganha alguns pontos. “Nesse contexto, o Brasil ganha relevância. Tem um mercado líquido [ou seja, é fácil comprar e vender ações aqui] e existe a opcionalidade da eleição de 2026: uma mudança de conjuntura política pode mexer bastante na curva de juros, o que atrai certos investidores”, explica Keleti. Além disso, um ponto crucial: depois de anos de investidores estrangeiros diminuindo suas apostas no Brasil, as ações por aqui estão consideradas “baratas”, com múltiplos historicamente baixos em comparação com seus lucros.

Essa percepção de que o Brasil pode ser uma boa aposta foi sentida também por Fernando Ferreira, o estrategista-chefe da XP Investimentos. Ele contou ter notado um “sentimento positivo” em relação ao Brasil durante um roadshow (uma série de reuniões com investidores) que fez em Londres na semana passada. Ele conversou com gente que investe especificamente na América Latina, em mercados emergentes em geral e até com investidores globais.

Porém, aqui vem o balde de água fria: esse “sentimento positivo” ainda não se converteu em dinheiro entrando de fato na nossa Bolsa, a B3. Muito pelo contrário. Em abril, a B3 registrou uma saída líquida de quase R$ 5 bilhões de capital estrangeiro. Foi uma virada brusca, já que nos primeiros três meses do ano (janeiro a março), o mercado brasileiro havia recebido R$ 11 bilhões de investimento estrangeiro.

Como explicar essa contradição: sentimento bom, mas dinheiro saindo? Fernando Ferreira tem uma teoria:

“Atribuímos essa divergência — de sentimento positivo, mas fluxo negativo — a movimentos de fundos quantitativos [que usam algoritmos para operar rapidamente] e de fast money [dinheiro que busca lucros rápidos e sai logo], além de realização de lucros após o aumento acentuado da volatilidade de mercado desde o anúncio de tarifas [por Trump] em 2 de abril”, explicou o estrategista em um relatório para clientes.

Ou seja, a história ainda tem muitos capítulos. Há um interesse renovado e uma percepção de oportunidade para o Brasil devido às incertezas nos EUA, mas, na prática, o dinheiro de curto prazo e os movimentos automáticos ainda estão pesando mais, resultando em saídas da Bolsa. Resta acompanhar se o “sentimento positivo” vai finalmente se transformar em fluxo de investimento real nos próximos meses.

Fernando Américo
Fernando Américo

Sou amante de tecnologias e entusiasta de criptomoedas. Trabalhei com mineração de Bitcoin e algumas outras altcoins no Paraguai. Atualmente atuo como Desenvolvedor Web CMS com Wordpress e busco me especializar como fullstack com Nodejs e ReactJS, além de seguir estudando e investindo em ativos digitais.

Sou amante de tecnologias e entusiasta de criptomoedas. Trabalhei com mineração de Bitcoin e algumas outras altcoins no Paraguai. Atualmente atuo como Desenvolvedor Web CMS com Wordpress e busco me especializar como fullstack com Nodejs e ReactJS, além de seguir estudando e investindo em ativos digitais.