Cenário desafiador ao Brasil

Fluxo estrangeiro na bolsa brasileira já apresenta saldo negativo em 2025, entenda

Investidores internacionais retiraram R$ 3,4 bi do Brasil, enquanto o fluxo positivo de investidores locais ajuda a manter o mercado.

Bolsa brasileira ainda esta barata entenda
Bolsa brasileira ainda esta barata entenda
  • Em janeiro, investidores estrangeiros retiraram R$ 3,4 bilhões do Brasil, refletindo cautela em relação aos ativos de risco
  • O fluxo de investidores institucionais e pessoa física tem sido positivo, com entradas de R$ 1,5 bilhão e R$ 1,1 bilhão, respectivamente
  • Empresas brasileiras têm aproveitado os preços baixos das ações para recomprar seus papéis, contribuindo para um saldo positivo de R$ 700 milhões

O início de 2025 tem mostrado um panorama desafiador para o mercado de ações brasileiro, especialmente no que diz respeito ao fluxo de investimentos estrangeiros.

Nos primeiros dias úteis de janeiro, a Bolsa de Valores brasileira registrou um saldo negativo significativo no fluxo de capital externo.

Nos dois primeiros dias do mês, investidores internacionais retiraram R$ 3 bilhões do país, e a situação não se estabilizou na semana seguinte. Ainda, no período de 5 a 9 de janeiro, o saldo de saída foi de R$ 854 milhões, acumulando uma retirada total de R$ 3,4 bilhões até o momento.

Movimentação

Esse movimento de vendas e desinvestimentos por parte dos estrangeiros é preocupante para analistas, já que os investidores internacionais costumam ter um papel importante na formação de preços na Bolsa. Contudo, dada a sua representatividade no volume de negócios.

Fernando Ferreira, estrategista-chefe da XP, avaliou que a tendência de vendas por parte dos estrangeiros reflete uma cautela mais ampla não só em relação ao Brasil. Mas, também, em relação aos ativos de risco em geral neste começo de ano.

“Vale ficar de olho nesse número, porque os investidores estrangeiros fazem muito preço nos ativos brasileiros”, comentou Ferreira durante sua participação no programa Morning Call da XP.

Volatilidade do mercado

A cautela dos estrangeiros pode estar relacionada a uma série de fatores, como a volatilidade dos mercados globais. Além das incertezas econômicas e políticas no Brasil e a aversão ao risco que tem marcado o início de 2025.

Além disso, os investidores internacionais têm sido mais seletivos, focando em mercados mais seguros. E, ainda, com menor exposição ao risco, o que tem afetado diretamente o fluxo de capitais para a Bolsa brasileira.

Porém, nem todos os números são negativos. Apesar da saída de recursos estrangeiros, os investidores institucionais e as pessoas físicas locais têm mostrado um comportamento mais positivo no mercado.

No acumulado de janeiro, os investidores institucionais locais apresentaram um fluxo positivo de R$ 1,5 bilhão. Enquanto, os investidores pessoa física acumularam R$ 1,1 bilhão de entradas na Bolsa.

Esse contraste entre os fluxos externos e locais demonstra uma confiança maior dos investidores brasileiros no mercado doméstico, em comparação com os investidores estrangeiros.

O fluxo de negociações na Bolsa também foi influenciado pelas operações de recompra de ações por empresas brasileiras.

O saldo na rubrica de “outros” foi positivo, atingindo R$ 700 milhões, com uma boa parte desse valor se referindo a recompras de ações por empresas listadas.

Com os preços das ações brasileiras estando considerados “descontados” por muitos analistas, as companhias de capital aberto aproveitam a baixa cotação de seus papéis para readquirir ações no mercado.

Isso não só ajuda a aumentar a liquidez, mas também fortalece a confiança no mercado, além de mostrar uma visão positiva das empresas sobre o futuro próximo.

Fluxo de investimentos

Embora o fluxo de investimentos estrangeiros em 2025 ainda esteja em território negativo, o desempenho dos investidores locais e as operações de recompra das próprias ações pelas empresas brasileiras indicam uma resiliência do mercado doméstico.

No entanto, a continuidade dessa tendência depende da evolução do cenário econômico, das políticas internas e externas e, principalmente, da recuperação da confiança dos investidores internacionais no Brasil.

Por enquanto, o mercado segue dividido entre um movimento de cautela por parte dos investidores estrangeiros e um otimismo mais localizado, que poderá impulsionar a recuperação da Bolsa nos próximos meses.