
- Frasle precificou ação a R$ 24, bem abaixo do preço de tela
- Mercado reagiu negativamente, apesar de fundamentos sólidos
- Receita com EUA pode sofrer com nova tarifa de Trump
As ações da Frasle (FRAS3) desabaram nesta sexta-feira (11) após a empresa divulgar a precificação de sua nova oferta de ações a R$ 24,00, valor bem inferior ao patamar em que os papéis vinham sendo negociados nos últimos dias. A queda, de mais de 8%, foi puxada pela frustração dos investidores, que já demonstravam preocupação com as sinalizações externas.
Além disso, paira sobre a companhia o risco de tarifas de importação anunciadas pelos Estados Unidos. A medida, prevista para entrar em vigor em agosto, pode afetar as receitas vindas da América do Norte, especialmente das operações voltadas ao mercado de veículos comerciais.
Queda abrupta com oferta abaixo do esperado
O gráfico de cinco dias revela a forte reação negativa do mercado. As ações, que estavam sendo negociadas acima de R$ 27, desabaram após o anúncio da oferta primária precificada em R$ 24. Isso representa um desconto significativo, algo que raramente passa despercebido pelos investidores. A baixa foi acentuada, atingindo R$ 23,89 no momento mais crítico do pregão.
Mesmo com a explicação de que a captação de aproximadamente R$ 250 milhões visa melhorar a alavancagem da companhia, o mercado não se animou. O mercado esperava um valor mais alinhado com a média recente das ações, mas a diferença acentuada gerou desconforto.
Contudo, o impacto na estrutura de capital da empresa deve ser limitado. A operação primária é relativamente pequena diante do tamanho da companhia, o que indica que o movimento no mercado tem mais a ver com percepção de valor do que com fundamentos.
Exposição aos EUA acende sinal de alerta
Outro fator que pressiona a ação da Frasle é o risco de novas tarifas de importação anunciadas pelo ex-presidente Donald Trump, que pretende taxar em até 50% alguns produtos brasileiros. Os Estados Unidos respondem por 9,3% da receita total da Frasle, o que pode impactar diretamente a empresa, dependendo dos produtos incluídos na nova medida.
Entretanto, vale destacar que a empresa possui fábrica no estado do Alabama, o que pode suavizar os impactos da taxação. Produtos como pastilhas, lonas de freio e discos fabricados localmente estariam, em tese, fora do alcance direto da tarifa, o que oferece uma margem de manobra estratégica para a empresa.
Ainda assim, a exposição norte-americana é relevante. Qualquer impacto nas exportações pode afetar os resultados do trimestre. Por isso, a empresa estuda alternativas, como redirecionar parte da produção para outros países onde já opera ou até ajustar preços para preservar margens.
Receita global se diversifica, mas Brasil ainda domina
De acordo com o relatório institucional mais recente da Frasle, o Brasil ainda representa 45,4% da receita da empresa no 1T25, embora esse número tenha caído em relação ao ano anterior (59,4%). A diversificação vem crescendo, com o México agora respondendo por 23,5% das receitas – um salto expressivo frente aos 2,6% do 1T24.
A América do Norte, mesmo com queda de representatividade, continua importante. No entanto, mercados como Europa, Ásia-Pacífico e América do Sul (exceto Brasil) ainda possuem participação modesta. Essa concentração no continente americano pode ser uma vulnerabilidade em momentos de tensão comercial como o atual.
Com operações industriais espalhadas por China, Europa, EUA e América Latina, a Frasle tem a estrutura necessária para readequar rotas de produção e distribuição caso a situação se agrave. Ainda assim, as mudanças exigem tempo e planejamento.