
- Estados elevarão o ICMS sobre combustíveis em 2026, pressionando consumidores e empresas.
- Petrobras, Prio e Brava podem sofrer impacto indireto com redução de margens e consumo.
- Se o petróleo subir no exterior, o Brasil enfrentará uma combinação explosiva de preços.
A partir de janeiro de 2026, os combustíveis no Brasil vão subir de preço, mesmo com o petróleo em queda no mercado internacional. O motivo não é o custo de produção, mas a decisão dos estados de aumentar o ICMS sobre gasolina, etanol, diesel e gás de cozinha.
Segundo economistas, a medida é um ajuste fiscal disfarçado de atualização anual. Enquanto o barril de Brent recuou cerca de 13% em 2025, o ICMS passará a R$ 1,57 na gasolina e R$ 1,17 no diesel, pressionando consumidores e empresas do setor.
Ajuste fiscal dos estados
A alta do ICMS foi aprovada pelo Confaz, que reúne secretários estaduais de Fazenda. Para analistas, trata-se de uma forma de garantir caixa em meio ao endividamento crescente de estados como Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul.
Na prática, os governos estaduais estão aproveitando a queda do petróleo para elevar tributos sem grande reação popular. Economistas alertam que essa decisão tem efeito cumulativo: impostos sobem, mas dificilmente voltam a cair, mesmo quando a commodity recua.
Além disso, o peso do ICMS é regressivo. Ele atinge todas as camadas da população, mas compromete principalmente a renda dos mais pobres, que não conseguem escapar do aumento em itens básicos como transporte e gás de cozinha.
Impacto sobre Petrobras, Prio e Brava
Apesar de a cobrança recair diretamente nas distribuidoras de combustíveis, o aumento do ICMS pode gerar reflexos sobre toda a cadeia de óleo e gás. A Petrobras (PETR4), maior produtora do país, tende a sentir efeitos indiretos no consumo doméstico.
Já companhias independentes, como Prio (PRIO3) e Brava (BRAV3), podem ser impactadas via margens de refino e distribuição, mesmo que a produção de petróleo mantenha boas perspectivas de exportação. Para o investidor, isso significa volatilidade adicional em empresas do setor listadas na B3.
O setor também lembra que o mercado já convive com margens elevadas na revenda e na distribuição. Segundo dados do INEEP, a fatia de revendedores na gasolina subiu de 15,5% para 20,9% do preço final em 2025, reduzindo o espaço para quedas ao consumidor.
Risco de pressão dupla
O problema é que, se o cenário externo mudar, a conta pode ficar ainda mais pesada. Uma alta real do petróleo, somada ao ICMS mais caro, colocaria o consumidor em situação crítica.
Tensões geopolíticas envolvendo Oriente Médio, Rússia e Otan, além da oscilação do dólar, estão no radar dos analistas. Em caso de disparada da commodity, o Brasil enfrentaria um choque duplo: combustível mais caro por fatores globais e por política fiscal doméstica.
Nesse cenário, investidores devem acompanhar de perto tanto as ações de Petrobras, Prio e Brava quanto o comportamento das distribuidoras. O aumento de impostos pode reduzir margens no curto prazo e afetar a percepção de risco do mercado.