
- Kinea aumenta para 50% a exposição dos fundos multimercado ao Brasil
- Gestora aposta em corte da Selic, valuations atrativos e alta do PIB em 2026
- Eleições de 2026 são vistas como risco, mas dólar acima de R$ 6 conteria excessos fiscais
A Kinea aumentou de forma agressiva a exposição dos seus multimercados ao Brasil. Cerca de metade do risco dos fundos, que somam R$ 25 bilhões considerando previdência, está agora em Bolsa, real e juros locais.
Além disso, a casa vê valuações abaixo da média, queda da Selic e algum crescimento adiante. Assim, a gestora mira ganho de ciclo com impulso de liquidez e melhora de lucros.
Aposta local no limite
Primeiro, a Kinea diz que este é o maior nível de alocação doméstica desde 2019. Comprada em Bolsa e real, e aplicada em juros, a casa busca carregar o carry e capturar re-rating de múltiplos.
Além disso, a relação Preço/Lucro da B3 segue descontada, enquanto os lucros vêm subindo desde 2024. Desse modo, a combinação de preço baixo e resultado melhor sustenta a tese.
Por fim, a gestora calcula um diferencial de juros 10% frente ao dólar. Com Selic em 15% a.a., o dólar teria de superar R$ 5,80 em 12 meses para a aposta em moeda local dar prejuízo, ponto que reduz o risco de carregar real.
Tese macro e eleições
De um lado, a Kinea projeta PIB no “zero a zero” no 2º semestre, porém aceleração em 2026 com juros menores e estímulo eleitoral típico. Assim, a casa enxerga janelas táticas para risco local.
De outro lado, a gestora alerta para fiscal. Entretanto, o temor de dólar R$ 6 tende a conter excessos de gasto. Dessa forma, o arcabouço segue como variável crítica, mas não inviabiliza a tese-base.
Além disso, a leitura histórica sugere que, para 50% de chance de reeleição, o governo precisaria de aprovação líquida 5 p.p.. Portanto, o ponto de partida ainda parece desafiador, o que limita apostas de afrouxos extremos.
Posições e execução
No equity local, a Kinea carrega BTG Pactual, Embraer, Marcopolo, SmartFit e Vibra; além disso, entre dividendos, a carteira inclui Copel, Equatorial, Sabesp e Orizon. Assim, a casa mescla crescimento e yield.
Enquanto isso, fora dos EUA, a gestora ampliou ações internacionais como Airbus, Siemens Energy, Nvidia, TSMC e Xiaomi. Desse modo, ela diversifica drivers sem diluir a aposta Brasil.
Por fim, a Kinea compara a volta ao mercado doméstico à “Odisseia”: cautela, mas convicção. Portanto, a estratégia foca carregar prêmio, proteger cauda fiscal e ajustar risco conforme o ciclo.