
- Governo destinou R$ 27 bilhões às estatais em 2024, o maior valor da década.
- Ebserh e Embrapa concentram mais de metade dos repasses federais.
- Correios lideram os prejuízos, com rombo de R$ 4 bilhões no semestre.
O governo Lula destinou R$ 27 bilhões em subvenções às estatais em 2024, maior valor dos últimos dez anos, segundo o Ministério da Gestão. Os repasses cresceram R$ 3 bilhões em relação ao ano anterior, refletindo o aumento dos déficits nas empresas públicas.
A expansão das transferências diretas do Tesouro Nacional ocorre em um momento de desequilíbrio fiscal, já que o conjunto das estatais federais acumula perdas de quase R$ 9 bilhões em 12 meses até agosto de 2025, conforme dados do Banco Central.
Dependência crescente do Tesouro
Os números revelam que o ciclo de autossuficiência das estatais acabou. Depois de um período de superávits entre 2019 e 2022, as empresas voltaram a registrar resultados negativos expressivos.
A alta das subvenções indica que o governo precisou reforçar o caixa dessas companhias para manter serviços e programas operando. De 2017 a 2024, o volume de repasses quase dobrou, saltando de R$ 14,6 bilhões para os atuais R$ 27,1 bilhões.
Economistas afirmam que a dependência crescente do Tesouro pressiona as contas públicas e aumenta o risco de desequilíbrio fiscal, sobretudo em ano pré-eleitoral.
Ebserh e Embrapa concentram os repasses
Entre as estatais que mais receberam recursos, a Ebserh (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares) lidera com R$ 11,4 bilhões em 2024 — cerca de 40 % do total. A estatal, ligada ao Ministério da Educação, é responsável pela administração de hospitais universitários em todo o país.
Logo atrás aparece a Embrapa, que recebeu R$ 4,1 bilhões. A empresa é considerada estratégica para o agronegócio e inovação agrícola, mas também enfrenta queda de receitas próprias.
Outras beneficiárias relevantes incluem a Codevasf, com R$ 2 bilhões, e o Hospital Conceição, com R$ 2,1 bilhões, ambos sustentados por aportes federais diretos.
Correios simbolizam o rombo
O caso dos Correios é o retrato do cenário deficitário. A estatal registrou prejuízo líquido de R$ 4 bilhões no primeiro semestre de 2025, mesmo com aumento de receita para R$ 8 bilhões. O resultado representa alta de 220 % nas perdas frente ao ano anterior.
Ademais, os números refletem o peso de custos operacionais e administrativos elevados, além de queda na eficiência logística.
Por fim, o governo já estuda empréstimos com garantia do Tesouro para evitar uma crise de liquidez na empresa.