Ações

Hapvida (HAPV3): Goldman Sachs não espera grandes números no 2° tri e corta preço-alvo — entenda

Alta na frequência de atendimentos durante o inverno deve elevar a sinistralidade e afetar os resultados da Hapvida no segundo semestre

Apoio

Hapvida - Reprodução: Redes sociais
Hapvida - Reprodução: Redes sociais

Com a chegada do inverno, uma nova onda de doenças respiratórias está elevando a procura por atendimentos médicos e pressionando os custos das operadoras de planos de saúde no Brasil. O movimento já acendeu o alerta de analistas, que esperam impacto negativo nos resultados das empresas do setor no segundo semestre, como a Hapvida (HAPV3).

Esse foi o tom do mais recente relatório do Goldman Sachs, que reduziu o preço-alvo das ações da Hapvida em 6%, projetando agora R$ 59 para os próximos 12 meses.

Mesmo com a queda na estimativa, o banco manteve recomendação de compra, considerando o atual patamar dos papéis — que encerraram a quarta-feira (16) cotados a R$ 33,50, o que ainda representa um potencial de valorização de 76%.

Segundo o analista Gustavo Miele, autor do relatório, os dados preliminares de junho mostram um aumento relevante na frequência de atendimentos relacionados a doenças respiratórias, que exigem procedimentos mais complexos do que os casos de dengue observados no mesmo período do ano passado.

“O volume sazonal de atendimentos no inverno vem se mostrando elevado, especialmente com doenças de maior complexidade”, escreveu Miele, ao justificar a revisão nas projeções.

Em cidades populosas como o Rio de Janeiro, autoridades de saúde já relataram aumento nos casos de covid-19 e infecções respiratórias.

A presença da nova variante XFG do coronavírus foi confirmada pelo Instituto Oswaldo Cruz, embora até o momento não haja sinais de maior gravidade ou impacto sobre vacinas, segundo informou a Agência Brasil.

Sinistralidade em alta

O principal reflexo dessa pressão é o aumento do índice de sinistralidade (MLR – Medical Loss Ratio), que mede o percentual das receitas das operadoras utilizado para cobrir despesas assistenciais. O Goldman projeta que esse indicador suba 270 pontos-base no segundo trimestre de 2025, chegando a 71,4%.

Se confirmada, a sinistralidade do trimestre ficará apenas ligeiramente acima da média registrada no período pré-pandemia, entre 2017 e 2019.

No primeiro trimestre, a Hapvida já havia reportado um MLR de 68,6%, o que representou um avanço de 0,7 ponto percentual na base anual e trimestral.

Miele destaca que a base comparativa do primeiro trimestre foi anormalmente favorável para as operadoras, com frequência médica abaixo do padrão histórico, o que acaba intensificando a percepção de deterioração nos números do segundo trimestre.

Resultados sob pressão, mas com crescimento

Apesar das dificuldades, o relatório do Goldman também aponta aspectos positivos para a companhia. Um deles é o crescimento saudável do tíquete médio, estimado em 8% na comparação anual, além da expectativa de um lucro líquido ajustado de R$ 1,827 bilhão para o ano de 2025.

No entanto, a perda de beneficiários — 54,8 mil no primeiro trimestre e uma projeção de 31 mil no segundo — e o aumento de provisões judiciais continuam sendo pontos de atenção. “Ainda acreditamos que os investidores irão priorizar evidências de moderação dos impactos judiciais sobre a companhia”, escreveu Miele.

A Hapvida, que possui uma rede robusta com 87 hospitais, 77 prontos atendimentos, 341 clínicas e 291 centros de diagnóstico e coleta laboratorial, segue sendo observada de perto pelo mercado.

Em 12 meses, as ações da empresa acumulam queda de 45%, embora em 2025 já registrem alta de 3%, sinalizando um possível início de recuperação.

O resultado do segundo trimestre da Hapvida está previsto para ser divulgado no próximo dia 3 de agosto, após o fechamento do mercado.

José Chacon
José Chacon

Jornalista em formação pela Universidade Federal Fluminense (UFF), com passagem pela SpaceMoney. É redator no Guia do Investidor e cobre empresas, economia, investimentos e política.

Jornalista em formação pela Universidade Federal Fluminense (UFF), com passagem pela SpaceMoney. É redator no Guia do Investidor e cobre empresas, economia, investimentos e política.