
- Ações brasileiras renderam até 41% em dólar nos 12 meses após cortes do Fed.
- Setores de commodities se recuperam após o início do ciclo de afrouxamento.
- Ibovespa supera renda fixa e atrai fluxo estrangeiro em ciclos anteriores.
O Federal Reserve (Fed) iniciou oficialmente o ciclo de afrouxamento monetário nesta quarta-feira (17) e reacendeu a discussão sobre o potencial da Bolsa brasileira. A XP Investimentos aponta que, historicamente, esse movimento abre espaço para ganhos expressivos no Ibovespa, superando inclusive a performance da renda fixa.
Segundo a corretora, em ciclos anteriores de corte de juros, as ações brasileiras registraram, em média, retorno de 32,1% em reais e 41,2% em dólares nos 12 meses seguintes à primeira redução da taxa. Esse desempenho coloca o mercado brasileiro à frente de outros benchmarks globais, como o MSCI Mercados Emergentes e o MSCI ACWI excluindo EUA.
Ações brasileiras no topo do ranking
O levantamento mostra que, mesmo diante de riscos externos e volatilidade cambial, a Bolsa brasileira se destaca quando o Fed corta juros. O MSCI Brazil acompanha o desempenho das empresas brasileiras em Nova York. Em ciclos anteriores, registrou retorno médio de 34% e tornou-se uma das principais apostas globais.
Esse efeito ocorre porque o diferencial de juros favorece o fluxo de capitais para países emergentes, tornando ativos locais mais atrativos em relação a outros mercados. Além disso, a valorização em dólar amplia os ganhos para investidores estrangeiros.
A XP vê o cenário atual como favorável. A Bolsa brasileira reúne múltiplos descontados, forte geração de caixa em líderes e expectativa de cortes de juros em dezembro.
Setores mais beneficiados
O relatório da XP destaca que os impactos dos cortes do Fed não são homogêneos entre os setores. Antes do primeiro corte, empresas ligadas a commodities costumam apresentar desempenho abaixo da média. Porém, após a virada da política monetária, esses papéis tendem a se recuperar e superar setores mais ligados ao mercado interno.
Já os setores de consumo e varejo, que dependem da renda doméstica, tendem a reagir mais rapidamente, mas podem perder fôlego com a valorização das commodities. Isso sugere que uma carteira balanceada entre exportadoras e companhias voltadas ao mercado local pode capturar melhor as oportunidades.
Segundo os analistas, esse padrão reforça a importância de uma estratégia seletiva para aproveitar o ciclo atual sem se expor a riscos desnecessários.
Bolsa x renda fixa
Outro ponto relevante é que, mesmo em ciclos de alta de juros no Brasil, a Bolsa costuma entregar retornos mais robustos quando o Fed inicia cortes. O estudo mostra que os títulos prefixados, medidos pelo IRF-M, lideraram entre os ativos de renda fixa, mas ainda assim ficaram atrás da Bolsa em rentabilidade.
Isso indica que, embora a renda fixa siga atraente pelo patamar da Selic, os cortes de juros nos EUA podem funcionar como um gatilho para uma rotação em direção à renda variável, principalmente entre investidores estrangeiros.
Para os especialistas, a leitura é clara: o Fed pode ter dado o sinal verde para uma nova onda de valorização do Ibovespa.