
- Ações da Hypera (HYPE3) caem mais de 3% com incerteza sobre a quebra da patente do Ozempic
- Novo Nordisk tenta estender exclusividade do medicamento por meio de recurso no STJ
- Hypera havia planejado lançar genérico assim que a patente expirasse em março de 2026
As ações da Hypera (HYPE3) lideraram as perdas do Ibovespa nesta quinta-feira (17), pressionadas por incertezas em torno da patente do Ozempic, medicamento à base de semaglutida da Novo Nordisk. Por volta das 15h, os papéis da farmacêutica recuavam 3,79%, cotados a R$ 26,91, após atingirem queda máxima de 4,58% no dia.
O movimento ocorre após reportagem do jornal O Globo revelar que a Novo Nordisk entrou com um recurso no Superior Tribunal de Justiça (STJ) para tentar estender a validade da patente, o que pode adiar o lançamento de versões genéricas — um dos principais projetos da Hypera para 2025.
Extensão da patente trava concorrência
A patente da semaglutida, princípio ativo do Ozempic, tem vencimento previsto para 20 de março de 2026. A partir dessa data, concorrentes como a Hypera esperavam poder lançar medicamentos genéricos e similares, ampliando o acesso ao tratamento para diabetes e obesidade a preços mais baixos.
No entanto, a Novo Nordisk recorreu ao STJ com a alegação de que usufruiu da exclusividade por apenas 35% do tempo legal, ou seja, cerca de sete anos. A farmacêutica dinamarquesa sustenta que o atraso na tramitação do processo original comprometeu sua capacidade de explorar plenamente o mercado.
A empresa já havia tentado prolongar o prazo judicialmente em 2021, mas foi derrotada em primeira e segunda instância. Em julho de 2023, o STJ também rejeitou o recurso. Mesmo assim, em janeiro deste ano, a empresa apresentou um novo agravo em Recurso Especial, que ainda aguarda julgamento.
Hypera contava com lançamento em 2025
O possível adiamento da queda da patente frustrou as expectativas da Hypera, que já vinha se preparando para lançar sua versão genérica do Ozempic assim que a exclusividade da Novo Nordisk expirasse. O CEO da companhia, Breno de Oliveira, havia expressado otimismo sobre a estreia do produto ainda em 2025.
“Estamos trabalhando para lançar assim que cair a patente e estamos bastante otimistas com esse produto a partir do ano que vem”, afirmou Oliveira durante a teleconferência de resultados do 1º trimestre, em março. Segundo ele, a expectativa era de forte demanda, mas sem queda drástica nos preços.
O executivo destacou que, devido aos custos elevados de produção e à limitação na oferta de canetas aplicadoras, não se espera uma degradação severa da categoria, como já ocorreu com outros medicamentos genéricos. “Não esperamos degradação tão grande dessa categoria no curto prazo”, disse.
Mercado reage com cautela
Além da Hypera, outras farmacêuticas que pleiteiam registro junto à Anvisa também podem ser impactadas pelo impasse jurídico. De acordo com o CEO, quatro laboratórios já solicitaram autorização para lançar versões de semaglutida no Brasil. A indefinição sobre os prazos pode frear a entrada desses novos competidores.
Além disso, o receio é que a possível prorrogação da patente represente uma barreira temporária relevante para empresas que contavam com essa janela de oportunidade. Para investidores, isso reduz a previsibilidade das receitas futuras e pressiona o valor de mercado da Hypera no curto prazo.
Por ora, o STJ ainda não deu prazo para julgar o novo recurso da Novo Nordisk. Até lá, o mercado deve continuar reagindo com cautela, acompanhando cada movimentação do processo e reavaliando o cronograma de lançamentos no setor.